Você pode nunca ter ouvido falar, mas a torção testicular é considerada um quadro grave. Pode levar à necrose e até mesmo à perda do testículo — e não é facilmente diagnosticado em casa. O desdobramento da torção depende do tempo decorrido até o socorro médico. Por isso é tão importante entender o problema e os sinais de alerta.
Segundo Henrique de Mattos Canto, cirurgião pediátrico e videocirurgião infantil do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, a torção testicular pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum entre os 8 e 15 anos — idade que antecede a puberdade ou período puberal. Ela não acontece por conta de qualquer movimentação da criança, podendo, inclusive, ocorrer durante a noite. Na verdade, a causa é uma má fixação testicular ainda na formação intrauterina do bebê. Apesar disso, não é possível prever ou prevenir o quadro. Daí a importância de os pais estarem atentos aos possíveis sintomas.
![Torção testicular: pode acontecer em crianças? — Foto: Getty](https://s2-crescer.glbimg.com/UHc89qbZy7cxW3WO3CkS6BfqWqo=/0x0:1500x916/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2023/w/D/YN8iEnQvewxx6SF9ThLw/gettyimages-1725836086.jpg)
Caso de urgência
Vale destacar que não é possível diagnosticar uma torção testicular em casa, sem o auxílio médico e de exames. Por isso, a orientação é seguir para o pronto-socorro em caso de dor escrotal aguda – uma dor repentina na bolsa testicular. “Nem toda dor no escroto corresponde a uma torção, mas toda dor deve ser valorizada só pela possibilidade de ser uma torção. Esse é um quadro que pode levar à necrose e perda do testículo”, explica o cirurgião. "A situação é grave porque, com a torção, há a obstrução dos vasos que levam sangue para o testículo. Em cerca de 6 horas de obstrução, já é possível que haja uma perda de tecido testicular, que pode ser total ou parcial. Por isso, quanto antes buscar atendimento médico, melhor”, orienta o especialista.
Além da torção, é importante ressaltar que a dor na bolsa testicular pode ser causada, por exemplo, por uma inflamação no testículo, uma infecção viral ou até mesmo cálculo renal, cuja dor irradia para a região. Nestes casos, os tratamentos podem não ser cirúrgicos. Caso seu filho reclame de dor, vale observar se há inchaço, vermelhidão e dor na palpação. “Se a criança não deixa tocar ou sente muita dor, é um sinal de alerta. O mais indicado é seguir rapidamente para o pronto atendimento”, recomenda o médico.
Outra dica importante, principalmente no caso de crianças pequenas, é não levar em consideração possíveis informações sobre quedas ou traumas, que podem retardar o diagnóstico. “A criança tem uma organização temporal diferente, então, ela pode relatar um trauma que, na verdade, ocorreu em outro momento, sem relação com essa dor. Isso tranquiliza de alguma forma os pais e retarda a ida ao hospital”, diz Canto.
Tratamento
Após o diagnóstico, o tratamento é cirúrgico, com a destorção e fixação testicular. O procedimento é considerado rápido e de baixa complexidade, em geral com alta médica dentro de 24 horas. O desdobramento, porém, pode ser a necessidade de retirada do testículo. “Em casos em que há necrose, o testículo precisa ser retirado. Já quando notamos que não houve perda total do testículo, é possível mantê-lo, mas, ainda assim, existe um risco de atrofia e esse testículo pode precisar ser retirado mais adiante, pela possibilidade de se tornar um câncer de testículo – doença extremamente agressiva e de alta mortalidade”, completou.
Por isso, uma vez fixado o testículo, é fundamental que o menino tenha acompanhamento médico com um especialista anualmente, pelo resto da vida. É importante ressaltar que a perda de um dos testículos não reduz a fertilidade do menino, contanto que o outro funcione normalmente.
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