Em apenas 24 horas, o Brasil registrou mais de 5 mil focos de incêndio, concentrando 75.9% das áreas afetadas pelo fogo em toda a América do Sul, divulgou a Agência Brasil, com informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nesta terça-feira (10). O resultado disso é a formação de uma nuvem persistente de fumaça que, junto com a poluição em grandes centros, como São Paulo, acaba agravando a saúde da população, especialmente crianças e pessoas com comorbidades.
"A situação é crítica", alerta o pediatra Fausto Flor Carvalho, presidente Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). "A situação está crítica em todo o estado de São Paulo. A gente tem acordado praticamente todos os dias com o tempo nublado em função da fumaça das queimados e isso tem atingido muito as crianças. Estamos percebendo um aumento das doenças respiratórias, especialmente as rinites, além de sangramento nasal, quando a mucosa está extremamente ressecada, assim como o aumento das crises de asma e de bronquite. O clima seco aumenta as infecções respiratórias, principalmente os quadros alérgicos", explicou.
Com isso, segundo os especialistas, aumentam as demandas em hospitais e pronto atendimentos. Segundo a pediatra Vera Rullo, do Departamento de Alergia e Imunologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, a umidade do ar nesta quarta-feira (11), ficou abaixo de 25%. "Hoje, por exemplo, a umidade do ar atingiu níveis inferiores a 25%. A Organização Mundial da Saúde preconiza que o ideal para a saúde é ficar entre 50% e 80%. Níveis abaixo de 30% são de alerta", diz.
Ela explica como esse fatores prejudicam o organismo, especialmente dos pequenos. "A umidade do ar, com o aumento da poluição, que contém monóxido de carbono e material particulado, é um irritante das vias aéreas e agrava problemas, especialmente nas crianças com asma e rinite. Resseca as mucosas das vias aéreas e pode levar a crises de chiado no peito, tosse e falta de ar. No nariz, causa rachaduras e até sangramento; ressecamento ocular e na pele; e até o sistema de defesa natural fica prejudicado, pois filtra menos o ar, diminui a capacidade de combater os agentes nocivos, tornando-o menos eficaz e facilitando as infecções", esclarece.
Prevenção e cuidados com a saúde
No entanto, segundo a especialista, existem algumas dicas simples que podem ajudar a amenizar as consequências e prevenir agravamentos dos sintomas:
1. Mantenha as crianças bem hidratadas durante todo o dia. O ideal é oferecer água. Deixe garrafinhas sempre à mão para que elas possam ter acesso;
2. Use umidificadores nos ambientes. O aparelho também pode ser substituído por bacias com água e toalhas molhadas nas portas e janelas;
3. Faça lavagem nasal com soro fisiológico nos pequenos pelo menos duas vezes ao dia;
4. Para prevenir o ressecamento ocular, também lave a parte externa dos olhos com soro fisiológico;
5. É importante reforçar a hidratação da pele usando cremes próprios para a idade das crianças;
6. Evite passeios e esportes ao ar livre, especialmente entre 10h e 17h, pois esse é nesse período que a umidade tem ficado mais baixa, geralmente abaixo de 30%.