O tal relógio biológico não é um problema só das mulheres. Você sabia que a fertilidade masculina também vai diminuindo com o passar do tempo? Conforme vamos envelhecendo, vai diminuindo nossa capacidade de se reproduzir e ter filhos — e isso vale tanto para as mulheres quanto para os homens.
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O que é relógio biológico?
"Relógio biológico" é uma expressão que se refere à idade em que as chances de engravidar começam a diminuir. Em outras palavras, é o momento da vida em que a fertilidade começa a sentir os efeitos do tempo. Para as mulheres, isso costuma acontecer de forma mais brusca a partir dos 35 anos. Agora, para os homens, esse é um processo mais lento e que vai acontecendo aos poucos, conforme vão envelhecendo.
Como a idade afeta a fertilidade do homem?
As mulheres já nascem com um estoque limitado de óvulos, que vão sendo liberados durante a vida até finalmente acabarem. Com os homens, a lógica é diferente. Eles começam a produzir espermatozoides só na puberdade, mas aí, depois disso, não param mais. É uma produção constante e que se renova. Então, na teoria, poderiam ser pais até mesmo na velhice. Porém, isso não significa que a qualidade dos espermatozoides continue a mesma até o fim da vida.
Com o passar do tempo, os espermatozoides podem ficar mais lentos, com menos energia ou até mesmo com algum "defeito", digamos assim. “Embora os homens continuem a produzir espermatozoides ao longo da vida, a motilidade (capacidade de movimentação) deles pode ser reduzida. Aumenta também a probabilidade de alterações genéticas”, explica o ginecologista e obstetra Arnaldo S. Cambiaghi, especialista em reprodução humana, FIV e endometriose, de São Paulo (SP).
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Tudo isso, obviamente, pode atrapalhar as tentativas de engravidar. Uma pesquisa publicada na revista científica Fertility and Sterily comprovou exatamente esse ponto. Os cientistas separaram os participantes em grupos: casais em que os homens tinham menos de 25 anos e casais em que os homens tinham mais de 45. Setenta e seis por cento (76%) dos homens com menos de 25 anos engravidaram sua parceira em seis meses de tentativas. Enquanto isso, só 52% dos homens com mais de 45 conseguiram o mesmo feito.
“No caso das mulheres, a fertilidade é influenciada pelo número e qualidade dos óvulos, que diminui com o passar do tempo, principalmente após os 35 anos. Para os homens, a fertilidade está ligada à quantidade e motilidade dos espermatozoides”, diz Cambiaghi. “Apesar de a produção de espermatozoides continuar ao longo da vida, a qualidade do sêmen pode diminuir com a idade”, completa.
Além disso, o envelhecimento masculino também pode estar associado a um aumento no risco de abortos espontâneos. Uma revisão de estudos feita pela Universidade de Leiden (Holanda) apontou que a idade paterna acima de 45 anos aumentou o risco de aborto em 43%, em comparação com casais em que os homens tinham menos de 29 anos.
"A relação entre a idade paterna e o risco de aborto espontâneo é menos evidente, mas é biologicamente plausível que um número crescente de anormalidades genéticas e epigenéticas de esperma em homens mais velhos possa contribuir para o aborto espontâneo", dizem os autores.
Em outras palavras, isso provavelmente ocorre porque espermatozoides de homens mais velhos tendem a ter DNA mais fragmentados. Consequentemente, há mais chances de gerarem embriões com anomalias genéticas, inviabilizando o desenvolvimento adequado da gestação.
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O que os homens podem fazer para preservar a fertilidade?
Não dá para frear os efeitos do tempo, porém existem muitas medidas simples (e que podem ser introduzidas no dia a dia) que podem ajudar a aumentar a qualidade, motilidade e contagem dos espermatozoides. Algumas delas são:
- Fazer consultas periódicas com um urologista
- Manter a caderneta de vacinação em dia
- Ter uma dieta equilibrada e saudável
- Praticar atividade física
- Dormir bem
- Evitar álcool, drogas e cigarro
- Diminuir a ingestão de café
- Relaxar a mente e o corpo
- Evitar colocar aparelhos eletrônicos próximos aos testículos
- Suplementar vitaminas e minerais (se necessário)
“Para os homens, a qualidade do sêmen começa a melhorar em poucos meses após a interrupção desses hábitos, com mudanças mais evidentes geralmente dentro de 6 a 12 meses. A produção de espermatozoides é um processo contínuo e leva cerca de 2 a 3 meses para que novas espermatozoides sejam produzidos”, aponta Cambiaghi.
