Arqueologia
Mais de 350 objetos são encontrados em navios do século 19 naufragados
Artefatos valiosos e de uso pessoal foram identificados em embarcações. Segundo especialistas, capitão e outros 128 tripulantes morreram quando barcos encalharam nas águas congeladas do Oceano Ártico
2 min de leituraEm maio de 1845, o capitão John Franklin e outros 128 tripulantes partiram da Inglaterra em dois navios, o HMS Erebus e o HMS Terror, com o intuito de encontrar uma rota marítima do Oceano Atlântico ao Pacífico que passasse pelo Oceano Ártico. Um ano e meio depois do início da expedição, entretanto, as embarcações ficaram presas no gelo ao norte do Canadá – e, em 1848, todas as pessoas que estavam a bordo dos barcos morreram.
O incidente foi amplamente noticiado no século 19, mas o que aconteceu com a tripulação em seus dias finais é um mistério para os especialistas até hoje. Agora, uma nova expedição comandada pela insituição governamental Parks Canada permitiu que arqueólogos encontrassem mais de 350 artefatos junto aos destroços naufragados do HMS Erebu.
"Tivemos a temporada [de exploração] de maior sucesso desde a descoberta dos destroços", disse Marc-André Bernier, gerente da equipe de arqueologia subaquática do Parks Canada, segundo o Smithsonian. "A preservação dos objetos é fenomenal."
Dentre os artefatos encontrados estão utensílios de cozinha, garrafas de vinho, um lacre de cera com impressão digital e uma escova com mechas de cabelo. "O trabalho de exploração que fizemos no HMS Terror, a possibilidade de olhar dentro das cabines, e agora encontrar os artefatos dentro do HMS Erebus é apenas o começo para realmente entrarmos na história", pontuou Bernier, segundo a CBC.
De acordo com os pesquisadores, parte do que faz do HMS Erebus um sítio arqueológico único são as águas geladas do Ártico, pois a temperatura baixa ajudou na conservação dos destroços da embarcação e dos objetos. Esse fato, entretanto, também tem pontos negativos: o frio dificulta o trabalho dos mergulhadores.
"Um dos nossos maiores desafios são as condições ambientais no Ártico central", explicou Ryan Harris em entrevista à CBC. "Podemos elaborar os planos mais detalhados e bem definidos, que podem ser frustrados pelas condições muito adversas de gelo e clima."
Os pesquisadores também encontraram pratos de cerâmica, um lápis e até uma pena para escrita, mas nenhum diário ou anotação feita pela tripulação. O fato de tantos objetos valiosos e pessoais terem sido deixados na embarcação indica que os pertences foram abandonados, o que corrobora para a hipótese de que os tripulantes dos navios morreram ou saíram do barco à pressas.
"Estamos escavando o mundo de alguém que viveu 170 anos atrás, então isso nos torna mais humildes... É emocionante", disse Bernier. "Todo dia, todo mergulho, é uma descoberta. Você simplesmente não sabe o que esperar."