• Marília Marasciulo
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Escultura no Jardim da Luz, um dos 84 sítios arqueológicos catalogados em São Paulo (Foto: Stur/Wikimedia Commons)

Escultura no Jardim da Luz, um dos 84 sítios arqueológicos catalogados em São Paulo (Foto: Stur/Wikimedia Commons)

Fundada no dia 25 de janeiro de 1554 a partir da construção de um colégio jesuíta que serviria para catequizar índios da região, São Paulo completou 467 anos em 2021. Desde sua fundação, cresceu e evoluiu até se tornar a maior metrópole e o principal centro econômico do país, concentrando mais de 12 milhões de pessoas e apresentando um Produto Interno Bruto que supera R$ 700 milhões.

Muito da história dos últimos cinco séculos ainda sobrevive nos bairros e nas ruas da capital paulista. Atualmente, segundo um mapeamento feito pela Prefeitura, existem 84 sítios arqueológicos dentro do município, que variam de ruínas de construções coloniais, cemitérios clandestinos até objetos indígenas.

As informações sobre esses locais estão presentes no Geosampa, um mapa interativo no qual é possível situar cada um dos pontos na cidade. Algumas ocorrências arqueológicas representam apenas registros de descobertas, mas outras são locais ou imóveis tombados e abertos à visitação. Conheça alguns deles:

1. Beco do Pinto

Também conhecido como Beco do Colégio, o Beco do Pinto era um antigo atalho entre o Largo da Sé e o rio Tamanduateí no século 18. (Foto: Reprodução/www.museudacidade.prefeitura.sp.gov.br/)

Também conhecido como Beco do Colégio, o Beco do Pinto era um antigo atalho entre o Largo da Sé e o rio Tamanduateí no século 18. (Foto: Reprodução/www.museudacidade.prefeitura.sp.gov.br/)

Também conhecido como Beco do Colégio, o local era um antigo atalho entre o Largo da Sé e o rio Tamanduateí no século 18. Era muito utilizado por pessoas escravizadas, que desciam e subiam o caminho íngreme para buscar água e despejar lixo. O local ainda preserva vestígios do calçamento da época.

Endereço: R. Roberto Símonsen, 136 - Centro Histórico de São Paulo.

2. Solar da Marquesa de Santos

Ao lado do Beco do Pinto fica o Solar da Marquesa de Santos, datado de meados do século 18 (Foto: Wikimedia Commons)

Ao lado do Beco do Pinto fica o Solar da Marquesa de Santos, datado de meados do século 18 (Foto: Wikimedia Commons)

Ao lado do Beco do Pinto fica o Solar da Marquesa de Santos, datado de meados do século 18. O imóvel foi adquirido e reformado pela ex-amante de Dom Pedro I em 1834. Nas três décadas seguintes, sediou festas, saraus e bailes realizados pela Marquesa. Atualmente, o solar é a sede do Museu da Cidade de São Paulo, e fica no mesmo endereço do Beco do Pinto.

Endereço: R. Roberto Símonsen, 136 - Centro Histórico de São Paulo.

3. Casa do Tatuapé

Construída entre 1668 e 1698, a Casa do Sítio do Tatuapé é um imóvel característico do ciclo bandeirista (Foto: Reprodução/www.museudacidade.prefeitura.sp.gov.br/)

Construída entre 1668 e 1698, a Casa do Sítio do Tatuapé é um imóvel característico do ciclo bandeirista (Foto: Reprodução/www.museudacidade.prefeitura.sp.gov.br/)

Com sua construção estimada entre 1668 e 1698, a Casa do Sítio do Tatuapé é um imóvel característico do ciclo bandeirista. Foi erguida em taipa de pilão, técnica antiga em que as paredes são erguidas com terra compactada, dispensando o uso de alvenaria. Possui seis cômodos e dois sótãos. Atualmente, abriga um museu que expõe as peças arqueológicas encontradas na casa.

Endereço: Rua Guabijú, 49 – Tatuapé.

4. Jardim da Luz

O Jardim da Luz foi inaugurado em 1825 como um jardim botânico (Foto: Wikimedia Commons)

O Jardim da Luz foi inaugurado em 1825 como um jardim botânico (Foto: Wikimedia Commons)

Muita gente passa por ali diariamente, mas poucos sabem que o parque localizado ao lado da Estação da Luz é um local arqueológico. O espaço foi inaugurado em 1825 como um jardim botânico. Na época, era o único ponto de lazer da cidade. Na segunda metade do século 19 foram erguidos, anexos ao Jardim, a sede do Liceu de Artes e Ofícios (atual Pinacoteca) e a Escola Prudente de Morais.

Endereço: Praça da Luz, s/n - Bom Retiro.

5. Ruínas da Capela de São Sebastião do Barro Branco

Ruínas da Capela de São Sebastião do Barro Branco, construída no século 19 (Foto: Diego Kerber/Wikimedia Commons)

Ruínas da Capela de São Sebastião do Barro Branco, construída no século 19 (Foto: Diego Kerber/Wikimedia Commons)

Pouca coisa sobrou do antigo templo religioso construído no século 19 onde hoje fica o entroncamento entre as avenidas Água Branca e Nova Cantareira, no bairro Jardim Franca. Era um ponto muito frequentado pelos moradores da zona norte da cidade. Todavia, a capela foi se deteriorando ao longo dos anos desde a década de 1950, quando foi fechada por desentendimentos na família proprietária. O teto desabou na década de 1970 e, antes que o imóvel fosse tombado como patrimônio histórico, foi totalmente demolido em 2001. O processo de tombamento foi encerrado em 2003 e conseguiu preservar as ruínas das fundações, a escadaria e o piso da nave e do altar-mor.

Endereço: Av. Nova Cantareira, 3255 – Jardim Franca.

6. Cemitério dos Aflitos

Capela no bairro da Liberdade, onde ficava o Cemitério dos Aflitos (Foto: Elielton Ribeiro Rodrigues/Wikimedia Commons)

Capela no bairro da Liberdade, onde ficava o Cemitério dos Aflitos (Foto: Elielton Ribeiro Rodrigues/Wikimedia Commons)

Localizado onde atualmente é o bairro da Liberdade, o Cemitério dos Aflitos foi construído em 1775 e aberto para sepultamento em 1779. Foi fechado em 1858 em virtude da criação do Cemitério Público da Consolação. Até hoje, preservou-se apenas a antiga capela em estilo neocolonial. Escavações feitas no terreno em 2018 após a demolição de um imóvel revelaram vestígios mortais que sugerem que o cemitério era reservado a pessoas marginalizadas, como pobres, escravizados e criminosos.

Endereço: Rua dos Aflitos, 70 – Liberdade (Capela).

7. Vala Clandestina do Cemitério de Perus

Cemitério Municipal Dom Bosco, conhecido como Cemitério de Perus, onde foi encontrada a primeira vala clandestina que abrigava corpos de vítimas da ditadura militar (Foto: Bruno Pedrozo/Wikimedia Commons)

Cemitério Municipal Dom Bosco, conhecido como Cemitério de Perus, onde foi encontrada a primeira vala clandestina que abrigava corpos de vítimas da ditadura militar (Foto: Bruno Pedrozo/Wikimedia Commons)

Em 1990, o Cemitério Municipal Dom Bosco, conhecido como Cemitério de Perus, foi palco da abertura da primeira vala clandestina que abrigava corpos de vítimas da repressão durante a ditadura militar. A vala foi descoberta por familiares no final dos anos 1970, mas só encontrou condições políticas para ser aberta com o fim da Ditadura.

Foram encontradas ali1.049 ossadas, dentre as quais 14 são suspeitas de pertencerem a militantes desaparecidos. O processo de identificação das ossadas segue até hoje. Um monumento foi erguido no local em homenagem às vítimas, e é aberto à visitação.

Endereço: Estrada do Pinheirinho, 860, Perus