• Redação Galileu
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As marcas das pegadas no vulcão fizeram nascer a lenda do

As marcas das pegadas no vulcão fizeram nascer a lenda do "Caminho do Diabo" (Foto: Wikimedia Commons)

Há cerca de 350 mil anos, um grupo de ancestrais dos seres humanos decidiu escalar uma montanha na região de Roccamonfina, no sul da Itália. Seria uma história normal, se essa montanha não fosse um vulcão que havia entrado em erupção poucas horas antes da caminhada.

As evidências de que Neandertais – ou espécies muito próximas deles – encararam as cinzas e os destroços de um vulcão ativo há centenas de milhares de anos foram compiladas por um grupo de cientistas italianos e publicadas no Journal of Quaternary Science.

As pegadas nas rochas que sobem o vulcão são alvo de estudo desde 2001. Pesquisadores tentavam estipular quando exatamente elas haviam sido deixadas e por quem. Uma das primeiras conclusões é que elas, certamente, não pertenciam à espécie humana como conhecemos hoje: a datação radiométrica e geológica das rochas indicam 350 mil anos, enquanto os Homo sapiens desenvolveram seus traços há cerca de 315 mil anos.

Foi na Sima de los Huesos, na Espanha, que os arqueólogos encontraram uma pista sobre a espécie dona daquelas pegadas. O formato dos pés gravados nas rochas, com o calcanhar alongado e com baixa elevação no arco, é muito parecido com o dos pés de indivíduos enterrados no sítio arqueológico espanhol. Os restos mortais são de espécies que viveram há pelo menos 330 mil anos, mas ainda não se sabe exatamente se eram Neandertais, Homo heidelbergensis ou Denisovan.

Por isso, os pesquisadores que assinam o artigo sobre as pegadas na Itália ainda são cautelosos em cravar uma espécie responsável por deixar as dezenas de marcas de pés, mãos e pernas no vulcão há milhares de anos. “Decidimos manter pendente a atribuição a uma espécie específica”, disse o pesquisador principal Adolfo Panarello à New Scientist em janeiro de 2020.

Os arqueólogos estimam que as marcas deixadas na rochas pertencem a pelo menos cinco indivíduos, e ainda têm a expectativa de determinar qual era o sexo, massa corporal e até a altura de cada um deles. O que ainda permanece um mistério é motivo de o grupo de ancestrais ter resolvido submeter-se a altíssimas temperaturas e subir um vulcão que poderia entrar novamente em erupção a qualquer momento.