• Redação Galileu
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Dente encontrado no sul da França  (Foto: Ludovic Slimak et.al )

Nove tipos de dentes huamanos encontrados preservados por arqueólogos (Foto: Ludovic Slimak et.al )

Em uma caverna na França, pesquisadores descobriram um dente de criança que trouxe indícios de que os humanos modernos chegaram à Europa ocidental há 54 mil anos — cerca de 10 mil anos antes do que se pensava. O achado foi publicado na última quarta-feira (9) na revista Science Advances.






Apesar da chegada mais precoce, os especialistas acreditam que o Homo sapiens não ficou muito tempo no ocidente europeu: deixou o lugar mais de mil anos depois, conforme neandertais voltaram a ocupar o território. O homem moderno então retornou para lá há cerca de 45 mil anos.

"Isso realmente sugere que os humanos modernos tentaram se estabelecer na Europa várias vezes antes de finalmente conseguirem”, analisa em comunicado Chris Stringer, coautor do estudo e líder de pesquisa em evolução humana no Museu de História Natural de Londres.

Dente humano foi encontrado na caverna Grotte Mandrin na França (Foto:  Ludovic Slimak.)

Dente humano foi encontrado na caverna Grotte Mandrin na França (Foto: Ludovic Slimak.)

Acredita-se que nossa espécie tenha divergido dos Homo neanderthalensis há 600 mil anos. No Vale do Ródano, na França, foram descobertos artefatos de pedra da indústria neroniana, que os pesquisadores acreditam terem existido por um curto período entre duas épocas de fabricação de ferramentas neandertais.

Os itens neronianos têm pequenas pontas que lembram projéteis, lanças ou flechas. Ferramentas parecidas foram achadas na África e no Oriente Médio, mas no Vale do Ródano foi onde os especialistas encontraram evidências mais concretas de quem pode tê-las feito.

Eles supõem que os artefatos tenham alguma relação com ao menos sete dentes humanos, encontrados na caverna Grotte Mandrin — sendo o principal deles o dente de criança.

Ferramentas de pedra neronianas, que lembram  pequenas pontas de projéteis (Foto: Ludovic Slimak et.al )

Ferramentas de pedra neronianas, que lembram pequenas pontas de projéteis (Foto: Ludovic Slimak et.al )

Como extrair o DNA das dentições não era possível, suas formas foram comparadas com as já observadas em H.sapiens e H.neanderthalensis.O único dente com características de homem moderno era o de criança, descoberto em uma camada datada entre 56,8 mil e 51,7 mil anos atrás.

Embora seja infantil e possa ser muito diferente dos de adultos, o fóssil é a evidência mais antiga do H.sapiens na área, segundo Stringer. “Temos apenas um dente no momento, e é uma pena que não saibamos mais sobre essas pessoas”, diz o pesquisador.






Apesar da escassez de informações, o expert acrescenta que a indústria de ferramentas neroniana fornece um cenário “persuasivo” para a chegada mais precoce do humano moderno no ocidente da Europa.

a: Ponta de osso pontiagudo com entalhes laterais, canino de veado, garra de águia e pedra separada por eixo; b:ferramenta feita de osso;c: detalhes de dentes caninos de veado (Foto: Ludovic Slimak et.al )

a: Ponta de osso pontiagudo com entalhes laterais, canino de veado, garra de águia e pedra separada por eixo; b:ferramenta feita de osso;c: detalhes de dentes caninos de veado (Foto: Ludovic Slimak et.al )

Ainda não se sabe como o H.sapiens surgiu e desapareceu rapidamente na região. Mas ainda há regiões que podem trazer mais pistas sobre o assunto. “Se isso realmente for uma dispersão, então poderíamos estar procurando por locais na Itália, na Grécia, na Turquia e até na Síria e no Líbano”, cita Stringer.