• Redação Galileu
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Uma das moedas de ouro encontrada na fazenda mostra o imperador Augusto César na frente e seu neto Caio a cavalo na parte de trás (Foto: Adrian Marsden)

Uma das moedas de ouro encontrada na fazenda mostra o imperador Augusto César na frente e seu neto Caio a cavalo na parte de trás (Foto: Adrian Marsden)

Em um trecho remoto de uma fazenda em Norfolk, na Inglaterra, um casal detector de metais amador desenterrou moedas de ouro do Império Romano. Os achados fazem parte de um estudo publicado por especialistas na edição de maio de 2022 da revista The Searcher.






As primeiras moedas douradas foram localizadas em 2017 pelo casal Damon e Denise Pye, que as encontrou após a terra ser arada por agricultores locais no final da temporada de colheita. As unidades monetárias estavam espalhadas no solo e acabaram sendo trazidas à superfície conforme a terra foi mexida ano após ano.

"No primeiro ano, [os Pyes] encontraram quatro moedas, e no próximo ano mais uma, e então encontraram mais algumas no ano seguinte”, conta Adrian Marsden, representante do Conselho do ondado de Norfolk especializado em moedas romanas antigas, ao site LiveScience. "Eles me disseram que acham que encontraram a última, e eu sempre dizia: 'aposto que não'. Elas estão lentamente vindo à superfície, acho que há mais moedas."

Marsden, que é autor do novo estudo, datou as moedas — onze, no total — em algum momento entre o primeiro século a.C. e o primeiro século d.C. Todas foram cunhadas antes da conquista romana, quando a Grã-Bretanha foi ocupada pelos romanos a partir de 43 d.C., após uma invasão lançada por Cláudio, o quarto imperador de Roma.

Seis das 11 moedas de ouro do Império Romano encontradas no interior da Inglaterra (Foto: Adrian Marsden)

Seis das 11 moedas de ouro do Império Romano encontradas no interior da Inglaterra (Foto: Adrian Marsden)

De acordo com ele, é notável que as moedas tenham chegado à terra antes da invasão. Elas podem ter sido uma oferenda aos deuses, mas é mais provável que alguém as enterrou na intenção de recuperá-las mais tarde. “O ouro era frequentemente usado como comércio, então é possível que uma tribo local pudesse ter conseguido as moedas e talvez planejasse usá-las para outras coisas, como derretê-las para fazer joias", explica o pesquisador.

O território onde estavam os artefatos era ocupado por icenos, um grupo de celtas britânicos. A líder da tribo, a rainha Boudica, tentou expulsar os romanos em 60 d.C. Porém, o exército dela perdeu a disputa na chamada Batalha de Watling Street. A governante teria se matado após a derrota, mas há outra versão histórica que diz que ela foi vítima, na verdade, de uma doença.

Na pesquisa, Marsden descreveu que havia dois tipos de moedas de ouro: um com o retrato de Augusto César, o primeiro imperador de Roma, e Caio e Lúcio, seus netos e herdeiros no verso; e outro também com César, só que de perfil de um lado e com somente Caio a cavalo na parte de trás. 






"Na segunda metade do reinado de Augusto, quando sua posição foi consolidada, os tipos [de moedas] com referência dinástica aumentaram como indicativo de sua sucessão, como é o caso aqui da extensa cunhagem de seus netos, Caio e Lúcio César”, informa  Marjanko Pilekić, assistente de pesquisa em moedas da Fundação Schloss Friedenstein Gotha, na Alemanha, não envolvido no estudo.

O Museu Britânico adquiriu recentemente os itens de ouro como parte de sua coleção permanente. De acordo com a estimativa de Marsden, as moedas juntas estão avaliadas em 20 mil libras esterlinas (cerca de R$ 128,6 mil). Especialistas estão esperançosos de que possam achar ainda mais delas.