• Redação Galileu
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Palmira e seus arredores imediatos, na década de 1920  (Foto: Universidade de Aarhus/ Rubina Raja and Palmyra Portrait Project.)

Palmira e seus arredores imediatos, na década de 1920 (Foto: Universidade de Aarhus/ Rubina Raja and Palmyra Portrait Project.)

Desde que suas ruínas foram redescobertas por exploradores ocidentais no século 17, a antiga Palmira tem instigado a curiosidade da comunidade científica. A cidade síria é conhecida pela história da rainha Zenobia, governante do Império Palmirense que ousou desafiar o Império Romano e acabou sendo derrotada, levando ao desaparecimento da civilização local.

Entretanto, uma nova hipótese de cientistas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e da Universidade de Bergen, na Noruega, questiona essa narrativa histórica. Afinal, de acordo com novas evidências, não foi apenas a invasão romana entre os anos de  272 e 273 que contribuiu para o fim desse império sírio.

Ao modelar de uso da terra para estimar sua produtividade e combiná-la com os registros climáticos existentes, os pesquisadores descobriram que, durante o reinado de Zenobia, a população de Palmira já sofria com insegurança alimentar. A descoberta foi registrada em um artigo publicado na revista Plos One, em 21 de setembro.

“Vemos agora que a segurança alimentar, sempre a principal preocupação de um grande centro urbano situado num ambiente altamente inóspito, foi gradualmente reduzida com a deterioração do clima e o crescimento da população da cidade”, afirmou Iza Romanowska, da Universidade de Aarhus, em comunicado.

Os resultados mostraram que uma mudança climática de longo prazo para um clima mais seco e quente causou uma diminuição gradual nos rendimentos agrícolas, atingindo níveis apenas suficientes para alimentar a população de Palmira em meados do século 3. Assim, a invasão romana foi apenas o golpe final em um domínio já muito enfraquecido.

Para os pesquisadores, esse estudo estabelece um padrão para pesquisas desse tipo, que permitirá que outros pesquisadores analisem outras cidades antigas e determinem com que frequência e em que circunstâncias a segurança alimentar desempenhou um papel fundamental na formação das trajetórias históricas dos povos do passado.