• Redação Galileu
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Primeiros diabos-da-tasmânia nascidos na natureza da Austrália em 3 mil anos (Foto: Mathias Appel/Wikimedia Commons)

Diabos-da-tasmânia nascem na natureza da Austrália pela primeira vez em 3 mil anos (Foto: Mathias Appel/Wikimedia Commons)

Há cerca de 3 mil anos, os diabos-da-tasmânia desapareceram completamente da Austrália continental por causa dos dingos, uma espécie de cão selvagem que caça em matilhas. Os marsupiais sobreviveram somente no estado insular da Tasmânia e, mesmo sendo um local livre de dingos, se encontram ameaçados há alguns anos.

Desde 1996, estima-se que 90% da população selvagem já tenha sido exterminada pelo tumor facial que atinge esses animais. Conhecido como DFTD (Devil Facial Tumor Disease), trata-se de um tipo de câncer que se comporta como uma doença contagiosa e pode levar ao desaparecimento dos 25 mil diabos-da-tasmânia que ainda restam na natureza.

E, apesar do cenário parecer desanimador, a organização de conservação australiana Aussie Ark trouxe boas notícias no último dia 24: pela primeira vez em três milênios, diabos-da-tasmânia nasceram na natureza da Austrália continental, no Santuário de Vida Selvagem Barrington, uma região de 400 hectares livre de DFTD.

Com a ajuda das organizações Re:wild e Wild Ark, a Aussie Ark examinou as bolsas das fêmeas e registrou sete filhotes em bom estado de saúde. Isso aconteceu depois que 26 diabos-da-tasmânia foram soltos no santuário no final de 2020.

"Uma vez que estavam de volta à selva, tudo dependia deles, o que era angustiante", diz Tim Faulkner, presidente da Aussie Ark. Isso porque, explica ele à agência de notícias Reuters, a equipe fez tudo que estava ao seu alcance, mas, se os animais não se reproduzissem, o esforço seria em vão.

"Ficávamos observando-os de longe até que chegou a hora de agir para confirmar o nascimento dos nossos primeiros filhotes selvagens. Foi um grande momento", comemora Faulkner em comunicado publicado no Facebook.

O projeto, que começou com 44 diabos-da-tasmânia em 2011, hoje conta com aproximadamente 450. “Temos trabalhado incansavelmente há 10 anos para devolver esses animais para a natureza da Austrália continental com a expectativa de que eles estabeleçam uma população sustentável”, afirma o grupo Aussie Ark.

Os benefícios de reintroduzir diabos-da-tasmânia ao ambiente selvagem vão além da preservação da própria espécie que, de acordo com a classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), está em perigo de extinção. Por serem predadores e os maiores marsupiais carnívoros do mundo, eles também contribuem para o controle de gatos selvagens e raposas que ameaçam outros animais.

Além disso, como necrofágos (ou seja, se alimentam de cadáveres), são capazes de manter o ambiente limpo e livre de doenças. “Seu retorno à natureza, portanto, estabelece a base para que a Austrália volte a ser selvagem”, constata, em nota, a Aussie Ark.