• Redação Galileu
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Câncer transmissível dizimou populações de diabo-da-tasmânia na Austrália (Foto: David Clode/Unsplash)

Diabos-da-tasmânia são únicos necrófagos da Austrália, o que pode explicar a seletividade (Foto: David Clode/Unsplash)

Os animais necrófagos ou detritívoros ocupam um lugar bem determinado na cadeia alimentar: são aqueles seres que se alimentam de restos de matérias orgânicas vegetais ou animais. Trocando em miúdos, são animais que comem sobras ou cadáveres. No entanto, uma descoberta publicada no últmo dia 12 de janeiro no jornal Ecology and Evolution mostrou, pela primeira vez, que isso não é sinônimo de comer “qualquer coisa”. Pelo menos não para os diabos-da-tasmânia.

Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW Sydney), na Austrália, estudaram os animais típicos da Oceania e descobriram que, para espécies que se alimentam de restos, eles são na verdade bastante exigentes. A descoberta, segundo o estudo, quebrou a lei dos necrófagos.

Durante várias semanas, os cientistas montaram armadilhas e capturaram dezenas de diabos-da-tasmânia. Depois, coletaram uma amostra do material orgânico presente nos bigodes para descobrir a origem dos alimentos ingeridos pelos bichos. No total, foram coletadas amostras de 71 animais.

A partir da coleta, os pesquisadores descobriram que cada diabo-da-tasmânia escolhe alimentos específicos. Alguns optam por comer apenas os resto de cangurus ou gambás. Já outros preferm pademelon, um tipo de marsupial. Apesar desse hábito seletivo ter sido observado em quase todos os diabos – apenas um em cada dez era generalista –, os cientistas notaram que quanto maior o animal, mais ele escolhia o alimento que iria ingerir.

“A maioria deles decidiu, ‘não, esta é a minha comida favorita’”, afirma em nota à imprensa Anna Lewis, principal autora do estudo. Segundo Lewis, o diabo-da-tasmânia parece ser, até agora, o único animal necrófago seletivo do mundo – as hienas, por exemplo, não são “frescas” para comer.

Os motivos por trás dessa seletividade ainda estão sendo investigados. Uma das hipóteses é que o fato do diabo-da-tasmânia ser o único necrófago da Austrália permite que ele seja mais exigente, já que há muito alimento disponível.

"Basicamente, é porque eles podem", afirma a professora Tracey Rogers, também autora da pesquisa. “Se você é um necrófago na África, está competindo com todos esses outros predadores por comida".