• Redação Galileu
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Imagem tridimensional de espécie de formigas extintas anteriormente desconhecidas encontrada em âmbar na Etiópia (Foto:  Hammel/Lauströer)

Imagem tridimensional de espécie de formigas extintas anteriormente desconhecidas encontrada em âmbar na Etiópia (Foto: Hammel/Lauströer)

Uma equipe internacional de cientistas descobriu uma espécie até então desconhecida de formigas. Encontrado na Etiópia, o âmbar (resina vegetal) abrigava fósseis de 13 indivíduos, que intrigaram os estudiosos por diversos motivos.

Os achados foram publicados no último dia 1º de setembro no periódico Insects. A nova espécie e seu gênero foram nomeados †Desyopone hereon gen. et sp. nov. A intenção dos autores era homenagear duas instituições envolvidas na descoberta: o German Electron Synchrotron (DESY) e o Helmholtz-Zentrum Hereon, ambos na Alemanha.

Comparações anatômicas iniciais levaram os cientistas a levantar a hipótese de que os animais eram de uma espécie de Aneuretinae, subfamília de formigas quase extinta conhecida até agora apenas por meio de fósseis e de uma única espécie viva do Sri Lanka. Mas, com imagens de alta resolução obtidas por microtomografia computadorizada de luz síncrotron, eles viram que não era esse o caso.

De acordo com Brendon Boudinot, um dos autores da pesquisa, o complexo segmento da cintura e as mandíbulas grandes dos espécimes no âmbar indicam que eles são das Ponerinae, um grupo dominante de formigas predadoras. "Por esse motivo, atribuímos as novas espécies e gênero a essa subfamília, embora tenha uma aparência única, já que a cintura longa e o abdômen sem contração são mais reminiscentes dos Aneuretinae", diz o especialista, em comunicado.

Período Mioceno

Datar a descoberta também foi um desafio, porque o próprio âmbar é tão único quanto os organismos dentro dele. "A peça com essas formigas é do único depósito de âmbar na África que, até hoje, apresentou organismos fósseis em inclusões”, destaca Vincent Perrichot, da Universidade de Rennes, na França.

Segundo ele, existem apenas alguns insetos fósseis desse continente. “Embora o âmbar seja usado há muito tempo como joia pelos moradores da região, seu significado científico só ficou claro para os pesquisadores nos últimos 10 anos”, explica Perrichot.

A conclusão é de que o âmbar com as formigas data do início do período Mioceno e tem entre 16 milhões e 23 milhões de anos. A datação foi feita indiretamente, determinando a idade dos palinomorfos fósseis – os esporos e o pólen – presos na resina vegetal.

Machos em evidência

Os achados também contribuem para entender as formigas machos sob os holofotes da pesquisa evolutiva. Isso porque os pesquisadores identificaram um padrão fundamental das mandíbulas que ocorre em todos esses insetos.

Segundo Boudinot, por terem uma forma de corpo tão diferente em comparação com as formigas operárias, todas do sexo feminino, a ciência negligenciou os machos por muito tempo.

“Nossos resultados não apenas atualizam a literatura sobre a identificação de formigas machos, mas também mostram que, ao entender as características específicas dos machos, como a forma específica da mandíbula nesse sexo, podemos aprender mais sobre os padrões evolutivos das formigas fêmeas”.