• Redação Galileu
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O exoplaneta WASP-189b foi descoberto por astrônomos em 2018 (Foto: Universidade de Berna / Bibiana Prinoth)

O exoplaneta WASP-189b foi descoberto por astrônomos em 2018 (Foto: Universidade de Berna / Bibiana Prinoth)

A partir de dados fornecidos pelo telescópio espacial Cheops, um grupo de pesquisadores fez uma nova descoberta que pode mudar a compreensão dos exoplanetas, como são chamados os planetas fora do Sistema Solar. Em estudo publicado na revista Nature Astronomy em 27 de janeiro, os astrônomos relatam que a atmosfera do WASP-189b, um exoplaneta a 322 anos-luz, é composto por diversas camadas, assim como ocorre na Terra. Revelaram também que esta atmosfera é rica em metais como ferro, cromo e até titânio.

O exoplaneta WASP-189b foi descoberto em 2018 e tornou-se um dos mais estudados desde então. Os cientistas já relataram, por exemplo, que sua temperatura diurna gira em torno de 3200 ºC. Também estimaram que ele orbita 20 vezes mais próximo de sua estrela hospedeira do que a Terra orbita o Sol.

Apesar das grandes diferenças – e das centenas de anos-luz – que o separam da Terra, a descoberta relatada na Nature Astronomy traçou o primeiro paralelo entre o planeta WASP-189b e o nosso. Ao que tudo indica, o exoplaneta também tem uma atmosfera dividida em diversas camadas e uma delas pode exercer uma função semelhante a que a estratosfera desempenha por aqui. Trata-se de uma camada rica em óxido de titânio, gás que desempenha uma função paralela a do ozônio na atmosfera terrestre, absorvendo a radiação.

Além do telescópio Cheops, os pesquisadores contaram ainda com o auxílio do espectrógrafo Harps do Observatório de La Silla, no Chile, para estudar o WASP-189b. A partir do equipamento, conseguiram localizar ainda outros metais presentes na atmosfera do exoplaneta, como ferro, cromo, vanádio, magnésio e manganês. As diferentes “impressões digitais” deixadas por esses gases na análise feita pelos cientistas levou a acreditar que eles ocupam lugares diferentes na atmosfera – camadas, como ocorre na Terra.

A descoberta, segundo os autores do estudo, contraria um senso comum formado por astrônomos no passado de que as atmosferas de exoplanetas eram todas uniformes, com uma única camada. “Estamos convencidos de que, para poder entender completamente esses e outros tipos de planetas – incluindo os mais parecidos com a Terra – precisamos apreciar a natureza tridimensional de suas atmosferas”, afirma em nota Kevin Heng, professor de astrofísica da Universidade de Berna e um dos autores da pesquisa.