• Marília Marasciulo
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Yasmin Azevedo, 17 anos, descobriu 11 asteroides durante o programa Caça Asteroides (Foto: Divulgação)

Yasmin Azevedo, 17 anos, descobriu 11 asteroides durante o programa Caça Asteroides (Foto: Divulgação)

No dia em que puder batizar um asteroide, a cearense Yasmim Azevedo, de 17 anos, irá chamá-lo Paracuru, em homenagem à terra natal de sua família. Em dezembro de 2021,
a adolescente deu um passo em direção a esse sonho ao detectar 11 asteroides durante o programa Caça Asteroides, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) em parceria com a Nasa.

Embora seja demorado o processo de reconhecimento para verificar se esses pedregulhos espaciais de fato são desconhecidos e enfim nomeá-los, ele serve como incentivo para que Yasmin continue trilhando o caminho atrás da sua carreira dos sonhos: ser engenheira aeroespacial.

Quando pequena, ela sonhava em ser médica, pois gostava de cuidar dos outros. Aos 8 anos, porém, ganhou o primeiro telescópio e começou a participar da Olimpíada Brasileira de Astronomia. Mas esbarrou em preconceitos. “Os professores davam mais razão para os garotos”, lembra a estudante, que preferiu sair do colégio militar, onde cursou do sexto ao nono ano, para frequentar uma turma de preparação para o vestibular do ITA como bolsista em um colégio particular. “Foi um choque. Eram 25 meninos e quatro meninas na turma”, recorda.

"Foi um choque. Eram 25 meninos e quatro meninas na turma [do colégio preparatório para o vestibular do ITA]""

Yasmin Azevedo, 17 anos, descobriu 11 asteroides durante o programa Caça Asteroides

No segundo ano do ensino médio, descobriu o “mundo do application”, como descreve a possibilidade de aplicar para universidades nos Estados Unidos. “Quem quer o ITA tem que parar a vida todinha para estudar e, apesar de me dedicar muito, não conseguia me ver por quatro anos fazendo simulados”, confessa. “Queria continuar minhas atividades e poder usá-las para o meu futuro. E as universidades americanas querem saber justamente isso, com quais projetos você está engajada, no que você é boa, o que você ama”, completa Azevedo, que além de ser integrante do Grupo de Astronomia da Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará, é medalhista em natação, esporte que pratica há 16 anos.

Mudou de colégio para se dedicar ao processo de inscrição e, recentemente, descobriu a instituição onde quer se graduar: a Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, na Flórida.
“É quase como um ITA, só que aceita estrangeiros. Todos os alunos aprendem a pilotar e são dessa área de aeroespacial e aeronáutica”, explica.

Embora só deva ingressar na universidade em 2024, ela já começou a estudar para o vestibular norte-americano e, recentemente, se inscreveu em um colégio interno em Boston — principalmente para experimentar o processo, que é parecido com o das universidades. Mas, não importa aonde vá, levará consigo a missão pessoal de homenagear a pequena Paracuru — e de mostrar que as garotas têm razão de estarem onde quiserem.

Lugar de mulher é na Ciência (Foto: Divulgação)

Lugar de mulher é na Ciência (Foto: Divulgação)