• Redação Galileu
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Estrela 2MASS J17554042+6551277 registrada pelo Telescópio James Webb em uma imagem única (Foto: NASA/STScI)

Estrela 2MASS J17554042+6551277 registrada pelo Telescópio James Webb em uma imagem única (Foto: NASA/STScI)

O Telescópio Espacial James Webb, considerado o mais avançado do mundo, passou pela "etapa fina" no alinhamento dos seus 18 espelhos no último dia 11 de março. Com isso, o equipamento produziu sua primeira imagem unificada de uma estrela, chamada "2MASSJ17554042+6551277".

De acordo com a Nasa, todos os parâmetros ópticos do aparelho que foram testados estão funcionando dentro ou acima das expectativas. Não foi encontrado nenhum problema crítico, de contaminação ou bloqueio no aparato óptico do equipamento.

"Alinhamos totalmente e focamos o telescópio em uma estrela, e o desempenho está superando as especificações. Estamos entusiasmados com o que isso significa para a ciência”, diz Ritva Keski-Kuha, vice-gerente de elementos do telescópio óptico, em comunicado.

Na “fase fina”, os cientistas alinharam com sucesso a câmera de infravermelho próximo (NIRCam) aos espelhos de Webb. O dispositivo tinha intenção de focar somente na estrela brilhante, mas os equipamentos do telescópio se revelaram tão sensíveis que é possível ver na foto (acima) também galáxias e outras estrelas ao fundo.

Nova selfie tirada pelo James Webb dos seus próprios espelhos usando uma lente dentro do instrumento NIRCam (Foto: NASA/STScI)

Nova selfie tirada pelo James Webb dos seus próprios espelhos usando uma lente dentro do instrumento NIRCam (Foto: NASA/STScI)

Além do registro da estrela, que utiliza um filtro vermelho para otimizar contraste, a Nasa também divulgou uma nova selfie (acima) tirada por Webb de seus espelhos com a NIRCam. Anteriormente, o telescópio flagrou outra estrela, a HD84406, durante sua primeira etapa de alinhamento. Porém, a foto dela apresentava apenas 18 cópias desfocadas do mesmo astro, sem uma unificação.

Como o Webb é alinhado

Todos os 18 espelhos de Webb foram projetados para atuar como um só, graças a sete pequenos motores fixados atrás de cada um deles, que movem e remodelam a curvatura desses espelhos. Seis dos motores fazem a movimentação e o outro ajusta a tensão dos suportes que o ligam ao telescópio.






“Os motores podem mover os espelhos com muita precisão, até cerca de 1/10.000 do diâmetro de um fio de cabelo humano. Essa precisão (dentro de uma fração de comprimento de onda da luz) é importante para obter imagens de alta qualidade do telescópio”, conta Themiya Nanayakkara, astrônomo-chefe do James Webb Australian Data Center, em artigo do site The Conversation.

Telescópio James Webb foi lançado em 25 de dezembro de 2021  (Foto: Nasa)

Telescópio James Webb foi lançado em 25 de dezembro de 2021 (Foto: Nasa)

Após o “alinhamento grosseiro” dos espelhos, no qual os segmentos foram movidos verticalmente até se alinharem, a equipe focou em ajustar a óptica de dentro da NIRCam. O que acontecerá daqui em diante é que as etapa “grosseira” e a “fina” serão repetidas até que a imagem mais nítida de todas possa ser obtida.

A Nasa também analisará como outros três instrumentos do James Webb se comportam com imagens de estrelas: o NIRSpec, que estudará variações nas propriedades da luz; o
NIRISS, que tem funcionalidade similar à NIRCam; e MIRI, que observará o Universo em comprimentos de onda muito mais altos (faixa do infravermelho médio).

“Todos os instrumentos serão levados às suas temperaturas de trabalho e testados. Alguns passos iniciais já começaram e todas as indicações até agora são boas”, afirma Nanayakkara. “Muitas das etapas também têm redundâncias embutidas, o que significa que, se um sistema falhar, haverá outra maneira de atingir o mesmo objetivo”, acrescenta.