• Redação Galileu
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Esta ilustração mostra o rover Perseverance da Nasa operando na superfície de Marte (Foto: JPL/Nasa)

Esta ilustração mostra o rover Perseverance da Nasa operando na superfície de Marte (Foto: JPL/Nasa)

Pela primeira vez, cientistas realizaram uma análise de acústica em Marte, constatando que a velocidade do som no Planeta Vermelho é mais lenta do que na Terra. A descoberta foi publicada na última sexta-feira (1º) na revista científica Nature.


Os especialistas avaliaram barulhos obtidos por dois microfones da sonda Perseverance, da Nasa, um deles embutido na câmera SuperCam e outro no chassi do rover. O que se observou é que, em Marte, os sons graves viajam a cerca de 240 metros por segundo (m/s), enquanto os mais agudos se movem a 250 m/s. Para ter ideia, na Terra, os sons correm a 343 m/s, em média.

As gravações também podem ajudar na compreensão da atmosfera marciana, onde a velocidade varia de acordo com o tom ou frequência do som. Essa atmosfera é extremamente fina e feita principalmente de dióxido de carbono (CO2).

Outra curiosidade é que nessa atmosfera rarefeita os sons se propagam apenas por uma curta distância, sendo que os mais agudos quase não se alongam. Enquanto na Terra o som pode se estender por até 65 metros, em Marte ele chega a apenas 8 metros, e os mais agudos já não podem ser ouvidos nessa distância.

As gravações da sonda Perseverance também revelaram variações de pressão produzidas pela turbulência na atmosfera marciana, além de rajadas de vento em escalas de tempo muito curtas.

Representação mostra o posicionamento dos dois microfones do Perseverance (Foto: NASA/JPL-Caltech)

Representação mostra o posicionamento dos dois microfones do Perseverance (Foto: NASA/JPL-Caltech)

Mas uma das características mais marcantes das sonoras, de acordo com o astrofísico Sylvestre Maurice, principal autor do estudo, foi um silêncio que parece prevalecer em Marte. “Em algum momento, pensamos que o microfone estava quebrado, estava tão quieto”, recorda o especialista da Universidade de Toulouse, na França, em comunicado.

O estranho silêncio, segundo Baptiste Chide, coautor da pesquisa, pode ter sido resultado da baixa pressão atmosférica marciana, dado que a pressão muda conforme as estações no Planeta Vermelho.






Nos próximos meses, que marcam o outono por lá, Marte pode ficar mais barulhento, segundo Chide. “Estamos entrando em uma temporada de alta pressão.Talvez o ambiente acústico em Marte seja menos silencioso do que quando pousamos, explica.

Você pode escutar neste vídeo alguns dos sons do rover da Nasa, incluindo ruídos mecânicos, o leve clique do vento marciano, o barulho do laser que a sonda usa para destruir rochas e ainda o zumbido dos rotores do Ingenuity, helicóptero que acompanha o equipamento na missão marciana.