• Redação Galileu
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Sonda Mars Express, em órbita ao redor de Marte, foi lançada em 2003 (Foto: Reprodução/ESA)

Sonda Mars Express, em órbita ao redor de Marte, foi lançada em 2003 (Foto: Reprodução/ESA)

Apesar de ser considerado um sistema de operações ultrapassado, o Windows 98, lançado em 25 de junho de 1998, ainda está presente em alguns dispositivos até hoje. Um deles é o instrumento Marsis (Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionosphere Sounding), parte da missão Mars Express, a primeira da Agência Espacial Europeia (ESA) a orbitar Marte.

Em órbita desde 2003, a missão opera com o mesmo software há 19 anos. Mas, a partir de agora, seu sistema receberá uma atualização que irá melhorar seu desempenho, permitindo ver as superfícies de Marte e do satélite Fobos mais detalhadamente.

A sonda Mars Express ficou conhecida por seu papel na descoberta de sinais de água líquida no planeta vermelho. Em 2018, o aparelho localizou indícios de um lago subterrâneo de água salgada, com mais de 20 quilômetros de extensão, enterrado sob 1,5 quilômetro de gelo no pólo Sul de Marte.

De acordo com Andrea Cicchetti, responsável pelo Marsis e líder do desenvolvimento da atualização, atualmente, o modo de operação da Marsis limita algumas ações, já que o aparelho foi projetado há duas décadas. Por esse motivo, foi necessário elevar o desempenho da missão.

Uma das maiores dificuldades que o sistema de operações antigo trazia era a falta de espaço para armazenamento interno, pois o sistema antigo armazenava muitos dados desnecessários de alta resolução.

Com o novo sistema, além do upgrade na recepção do sinal, haverá um aprimoramento do processamento de dados, que eliminará imagens "inúteis", resultando numa melhora na quantidade e qualidade de dados científicos enviados à Terra. “Ao descartar dados que não precisamos, o novo software nos permite ativar o Marsis por cinco vezes mais e explorar uma área muito maior a cada passagem”, explica Cicchetti, em comunicado.

“É realmente como ter um novo instrumento a bordo do Mars Expres,s quase 20 anos após o lançamento”, disse Colin Wilson, cientista da ESA envolvido na missão Mars Express.

A serviço da ciência

Operado pelo Instituto Nacional de Astrofísica (INAF), na Itália, o instrumento Marsis envia ondas de rádio de baixa frequência em direção à superfície de Marte usando sua antena de 40 metros de comprimento. Essas ondas são refletidas no planeta e recapturadas pela sonda. Dependendo de como essas ondas refletem, o aparelho consegue identificar qual região foi atingida, podendo ser gelo, solo, rocha e água.

Ao examinar os sinais refletidos, os cientistas podem mapear a estrutura abaixo da superfície do Planeta Vermelho e estudar propriedades como a espessura e composição de suas calotas polares e as propriedades das camadas de rochas vulcânicas e sedimentares.

Segundo os cientistas, mesmo sendo uma espaçonave veterana, a Mars Express continua a fornecer uma ciência de qualidade, sendo uma das missões de menor custo da ESA.