Os esforços de vacinação adotados globalmente não serão capazes de eliminar o sarampo até 2050. É o que prevê uma pesquisa sobre futuros cenários de imunização para 93 nações. O resultado foi publicado nesta terça-feira (13) na revista The Lancet Global Health.
Embora as atuais estratégias não possam erradicar a doença, a análise sugere que, por outro lado, a rubéola provavelmente será eliminada em todos os países com investimento intensificado em vacinação.
A avaliação foi feita por professores da Universidade da Georgia, especialistas da OMS, dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e cinco grupos de modelagem. Os pesquisadores criaram quatro modelos nacionais e um subnacional, projetando taxas anuais de casos das doenças para dois cenários. O primeiro deles considera a cobertura vacinal e as campanhas, e o segundo consiste em um “investimento intensificado” para melhorar a imunização.
Dois modelos nacionais de sarampo, chamados PSU e DynaMICE, estimam que, até 2050, a probabilidade de eliminação da doença excederia 75% em 14 e 36 dos 93 países, respectivamente. Já o modelo subnacional destaca a desigualdade na cobertura de rotina como um provável impulsionador de transmissão.
Estima-se que uma pessoa com sarampo transmita o vírus a aproximadamente 18 outras em uma população não vacinada. Para vias de comparação, cada paciente infectado
com o coronavírus Sars-CoV-2 infecta cerca de três indivíduos.
“O sarampo é uma das infecções respiratórias mais contagiosas que existem e se move rapidamente, por isso é difícil de controlar”, salienta Amy Winter, principal autora do estudo, em comunicado.
A especialista defende serem necessárias novas abordagens para alcançar a eliminação do sarampo. Os autores destacam duas medidas de combate: a primeira é melhorar a forma como campanhas de vacinas suplementares são realizadas; e a segunda é aprimorar a equidade da cobertura vacinal, concentrando-se em regiões com índices de imunização mais baixos.
Winter adverte que a maioria dos países deixa de complementar as vacinas de rotina quando atinge um determinado status de eliminação. Porém, os modelos indicam que os surtos ainda podem ocorrer caso se mantenha apenas a imunização de rotina. “Temos um mundo globalmente conectado, então há essa pressão constante de importação do vírus em lugares onde já está eliminado”, alerta a pesquisadora.