• Redação Galileu
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O homem teve uma reação ao antibiótico, que o fez adquirir a Síndrome da Autofermentação (Foto: Pixabay)

O homem teve uma reação ao antibiótico, que o fez adquirir a Síndrome da Autofermentação (Foto: Pixabay)

Um caso que aconteceu nos Estados Unidos em 2011 foi estudado por pesquisadores da Universidade Richmond, também nos EUA, e voltou à tona recentemente com a publicação das descobertas dos cientistas. Naquele ano, um norte-americano de 46 anos feriu o dedão de modo grave e médicos o receitaram o antibiótico cefalexina para tratar a infecção. 

Uma semana após tomar o antibiótico, o homem começou a ter sintomas de depressão, perda de memória e agressividade. O quadro mudou em 2014, quando ele passou por um psiquiatra e começou a tomar antidepressivos.

Estava tudo bem até que um dia ele foi parado pela polícia sob a suspeita de estar dirigindo alcoolizado. O teste do bafômetro demonstrou que o nível de álcool no sangue do cidadão era de 200 miligramas por decilitro (mg/dL), o que equivale a ingerir de 7 a 10 doses de bebida alcóolica.

O nível era alto o suficiente para causar sintomas como náusea, vômito e perda da consciência, mas o homem não havia bebido álcool, e os policiais ficaram desacreditados, claro. 

O sujeito teve que ir novamente ao médico, que aplicou um teste para medir o nível de álcool no sangue após ingerir carboidratos. Foi aí que o mistério se resolveu: o homem foi diagnosticado com síndrome da autofermentação, que faz com que se tenha embriaguez constantemente.

A enfermidade é muito rara e ocorre quando há no intestino um excesso de leveduras do tipo Saccharomyces cerevisiae. Esses fungos transformam os carboidratos dos alimentos em álcool e, por isso, a pessoa parece estar sempre bêbada. 

A condição também é conhecida como síndrome da autocervejaria, porque o processo é parecido com o da fabricação da bebida: leveduras fermentam carboidrato (a cevada).

A novidade no caso do norte-americano é que os pesquisadores concluíram que os fungos que habitam seu intestino chegaram ali graças ao tal antibiótico. Ao matar bactérias saudáveis da microbiota, o remédio permitiu que outros tipos de microganismos, como as leveduras, crescessem ali. Apesar de o quadro ser raro, os autores do estudo ressaltam que essa pode ser uma condição subdiagnosticada.