• Redação Galileu
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Telômeros podem ser encurtados após casos graves do novo coronavírus (Foto: CNIO)

Telômeros podem ser encurtados após casos graves do novo coronavírus (Foto: CNIO)

Um pesquisa liderada por cientistas do Centro Nacional Espanhol de Pesquisa do Câncer (CNIO) associa casos graves de Covid-19 a telômeros mais curtos. Publicado no último dia 11 de janeiro na revista científica Aging, o estudo foi feito com 89 pacientes infectados pelo Sars-CoV-2 e que foram internados no Hospital IFEMA, em Madri

Telômeros são estruturas que protegem os cromossomos dentro de cada célula do organismo. Sabe-se que o comprimento dos telômeros é um indicador de envelhecimento: cada vez que uma célula se divide, seus telômeros encurtam até que não possam mais exercer sua função protetora e a célula, que fica danificada, para de se dividir. Ao longo da vida, as células estão constantemente se dividindo para regenerar os tecidos e, quando param de fazê-lo porque os telômeros são muito curtos, o corpo envelhece.

Nos últimos anos, estudos mostraram em camundongos que é possível reverter esse processo ativando a produção da telomerase, enzima responsável por alongar os telômeros. Em animais, a ativação da telomerase é eficaz no tratamento de doenças associadas ao envelhecimento e danos aos telômeros, como a fibrose pulmonar. “Quando li que os pneumócitos alveolares do tipo II estavam envolvidos na Covid-19, imediatamente pensei que telômeros poderiam estar envolvidos”, comenta Maria A. Blasco, líder da pesquisa espanhola, em nota

No artigo, os pesquisadores escrevem: “Chamou nossa atenção que um resultado comum da infecção por Sars-CoV-2 parece ser a indução de um fenótipo semelhante à fibrose no pulmão e nos rins, sugerindo que a infecção viral pode estar exaurindo o potencial regenerativo dos tecidos."

A teoria dos cientistas espanhóis é que os telômeros curtos dificultam a regeneração do tecido após a infecção. “Sabemos que o vírus infecta os pneumócitos alveolares do tipo II e que essas células estão envolvidas na regeneração pulmonar; sabemos também que, se tiverem dano telomérico, não podem se regenerar, o que induz a fibrose. Isso é o que é visto em pacientes com lesões pulmonares após Covid-19: achamos que eles desenvolvem fibrose pulmonar porque têm telômeros mais curtos, o que limita a capacidade regenerativa de seus pulmões", resume Blasco.

A confirmação de que esses telômeros dificultam a recuperação de pacientes graves abriria portas para novas estratégias de tratamento, como terapias baseadas na ativação da telomerase. “Dado que telômeros curtos podem ser alongados novamente pela telomerase, e em estudos anteriores mostramos que a ativação da telomerase tem um efeito terapêutico em doenças relacionadas a telômeros curtos, como a fibrose pulmonar, é tentador especular que essa terapia poderia melhorar algumas das patologias que permanecem em pacientes com Covid-19, uma vez que a infecção viral foi superada”, dizem os autores.