• Redação Galileu
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OMS aprova uso de vacina da Malária em crianças na África Subsaariana (Foto: Julien Harneis/Flickr)

OMS aprova uso de vacina da Malária em crianças na África Subsaariana (Foto: Julien Harneis/Flickr)

A malária é uma das principais causas de adoecimento e morte infantis na África Subsaariana. Anualmente, a doença é responsável pelo óbito de mais de 260 mil crianças com menos de 5 anos na região. É por isso que a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o uso amplo da vacina RTS,S é considerada histórica. “O tão esperado imunizante contra a malária para crianças é um grande avanço para a ciência, a saúde infantil e o controle da doença”, afirma, em comunicado, Tedros Adhanom, diretor-geral da instituição.

A recomendação da OMS anunciada nesta quarta-feira (6) contempla crianças da África Subsaariana e de áreas que apresentam uma transmissão de moderada a alta do P. falciparum, o parasita mais letal da malária e o mais prevalente no continente africano. “Utilizar a vacina além de outras ferramentas existentes para prevenir a infecção pode salvar dezenas de milhares de jovens todos os anos”, diz Adhanom, que iniciou sua carreira como pesquisador da enfermidade.

Com base em comitês consultivos de imunização e malária, a autoridade internacional de saúde também informou que a vacina deve ser disponibilizada em um esquema de quatro doses para crianças a partir de 5 meses de idade. Por trás da decisão estão pelo menos três décadas de trabalho dedicadas a pesquisa e desenvolvimento do imunizante.

O Programa de Implementação da Vacina da Malária atingiu mais de 800 mil crianças com a primeira dose no Quênia, no Malawi e em Gana desde 2019. O projeto piloto acontece nesses três países sob a liderança dos ministérios da saúde locais e com o financiamento das organizações Unitaid, Aliança de Vacinas Gavi e Fundo Global de Combate a Aids, Tuberculose e Malária.

Até o momento, a estratégia já forneceu evidências sobre a viabilidade, o impacto e a segurança da vacina RTS,S na vida real. As autoridades observaram que, junto a uma cobertura boa e equitativa, o imunizante consegue melhorar a saúde e salvar vidas — constatação que se sustenta mesmo com a pandemia de Covid-19. E, diante da aplicação de mais de 2,3 milhões de doses, é possível dizer que o produto é seguro.

Nas áreas que participam do programa piloto, houve uma redução de 30% nos casos fatais de malária severa e não foram registrados impactos negativos quanto ao emprego de mosquiteiros com inseticida e à adesão a outras vacinas infantis.

Além disso, os dados indicam que mais de dois terços de crianças que não dormem com mosquiteiros se beneficiaram com a vacina, mostrando que ela é um instrumento importante para a equidade na proteção contra malária. Aliadas, as ferramentas contribuem para a saúde de mais de 90% desse público, que consegue acessar pelo menos uma das intervenções de prevenção.

“Aguardamos por uma vacina eficaz há muito tempo e, agora, pela primeira vez, temos uma que foi recomendada para uso amplo”, comenta Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África. “Essa orientação oferece um vislumbre de esperança para o continente. Esperamos que muitas crianças fiquem protegidas e cresçam, tornando-se adultos saudáveis”, complementa.

O Programa de Implementação da Vacina da Malária ainda será conduzido no Quênia, no Malawi e em Gana para que os cientistas compreendam o efeito da quarta dose do imunizante e coletem dados sobre o impacto das vacinas na mortalidade infantil a longo prazo.