• Redação Galileu
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Pacientes com artrite reumatoide (AR) passar por pelo menos quatro médicos até descobrirem a doença (Foto: OPAS)

Pacientes com artrite reumatoide (AR) chegam a passar por pelo menos quatro médicos até descobrirem a doença (Foto: OPAS)

Neste sábado (30), é Dia Nacional de Luta contra o Reumatismo, termo que engloba as chamadas doenças reumáticas, isto é, aquelas que comprometem o sistema músculo-esquelético, como, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Uma dessas enfermidades é a artrite reumatoide, uma condição autoimune caracterizada pelo ataque do próprio corpo às articulações.






O diagnóstico da doença no Brasil é bem dificultado, sobretudo devido ao cenário de mitos e desconhecimento sobre esse tipo de inflamação. Um novo estudo, realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido da empresa farmacêutica Janssen, alerta que boa parte dos pacientes demoram anos para serem diagnosticados.

O levantamento ouviu ao todo 144 pessoas com diferentes doenças autoimunes, em escutas online de 30 minutos, entre o final de 2020 e o início de 2021. Aqueles com artrite reumatoide relataram os desafios que tiveram até serem diagnosticados e tratados com medicamentos. A maioria deles (54%) disse ter passado por quatro ou mais profissionais para ter a doença identificada. Mais de um a cada cinco pacientes (21%) não foi diagnosticado pelo médico correto, um reumatologista.

É comum que as pessoas com a doença crônica tenham dificuldade de chegar até esse profissional, passando antes por várias outras especialidades. A maioria dos entrevistados disse inclusive que o tempo entre os primeiros sintomas e o recebimento do diagnóstico foi
de pelo menos um ano. Para quase um terço (29%), essa jornada foi ainda mais demorada, levando dois anos ou mais.

“Levando em conta a prática clínica, a demora para identificar a doença de fato aparece. Em geral, os pacientes chegam até mim na Santa Casa de São Paulo após dois ou três anos de sintomas. Muitas vezes, passam um bom tempo se medicando em casa, com remédios para dor, antes de investigar a fundo a razão daquele incômodo”, comenta o médico Dawton Torigoe, doutor em reumatologia pela Universidade de São Paulo (USP), em comunicado.

Segundo o médico, existe um desconhecimento sobre os sintomas da doença. A condição afeta não só idosos, mas adultos jovens, atingindo de duas a três vezes mais as mulheres, sendo que os primeiros incômodos surgem entre os 30 e os 40 anos de idade. Entre eles, está desgaste ósseo, limitações físicas, inchaço nas articulações, além de dificuldade em se mexer ao acordar por ao menos um hora, dor e fadiga. Quando tais queixas duram por mais de seis semanas, deve-se procurar um reumatologista.

Entre os sintomas, a dificuldade de locomoção foi a questão mais mencionada (75%) pelos pacientes, seguida pela perda de autonomia nas tarefas do dia a dia (50%). Além do mais, 38% dos entrevistados disseram ter parado de ir a festas ou sair de casa. Outros 21% pararam de trabalhar ou até mesmo se aposentaram por conta da doença.

Na esfera da saúde mental, a artrite reumatoide também mostrou ter sérias consequências: 13% dos participantes teve depressão, desânimo ou algum dano psicológico. Isso vai de encontro com estudos anteriores, que estimam que a prevalência de transtornos depressivos nesses casos varia entre 13% e 47%, dependendo do tamanho e características da população analisada.




Para Torigoe, o contexto de pandemia de Covid-19 também já apresenta fatores estressantes para grande parte das pessoas, logo, é preciso ter grande atenção à saúde mental do paciente reumático. “Vale destacar que o transtorno mental também pode interferir na adesão ao tratamento, agravando o quadro”, ressalta o médico.