• Redação Galileu
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Cientistas identificaram um novo mecanismo para reverter o acúmulo de proteínas relacionadas à demência  (Foto: Eduardo Pinho Melo et.al )

Cientistas identificaram um novo mecanismo para reverter o acúmulo de proteínas relacionadas à demência (Foto: Eduardo Pinho Melo et.al )

Doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson estão relacionadas ao acúmulo de proteínas, como amiloide e tau. Cientistas identificaram um novo mecanismo para evitar a formação de emaranhados dessas proteínas, também atreladas a quadros de demência. Os resultados foram publicados nesta sexta-feira (6) na revista Nature Communications.






Os agregados de proteínas mal dobradas podem gerar danos irreversíveis às células nervosas do cérebro. Em pessoas saudáveis, as células fazem um "controle de qualidade" para dobrar essas estruturas corretamente, destruindo as que estão defeituosas. Porém, no caso de doenças neurodegenerativas, esse processo fica prejudicado.

Para contornar o problema, uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriu um modo de “redobrar” as proteínas, revertendo o acúmulo de emaranhados. Em parceria com equipes da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e da Universidade do Algarve, em Portugal, eles primeiro usaram padrões de luz de um produto químico para detectar o dobramento incorreto em células vivas.

“É fascinante como medir o tempo de vida de fluorescência da nossa sonda na escala de nanossegundos sob um microscópio movido a laser torna óbvios os agregados invisíveis dentro da célula”, detalha o método Eduardo Melo, um dos principais autores da pesquisa, em comunicado.

Segundo Edward Avezov, que também lidera o estudo, as células passam por um estresse que gera dobras incorretas nas proteínas. Cerca de um terço dessas substâncias é produzido no retículo endoplasmático, que realiza a síntese, dobramento, modificação e transporte das estruturas. “Assim como quando ficamos estressados ​​​​por uma carga de trabalho pesada, também as células podem ficar 'estressadas' se forem chamadas a produzir uma grande quantidade de proteínas”, explica ele.

O aumento de produção dessas macromoléculas pode acontecer por uma série de motivos, entre eles, a produção de anticorpos contra uma infecção. Porém, os cientistas descobriram que estressar a célula novamente faz com que os agregados proteicos se redobrem corretamente.

“Se pudermos encontrar uma maneira de despertar esse mecanismo sem estressar as células – o que pode causar mais danos do que benefícios – talvez possamos encontrar uma maneira de tratar algumas demências”, conta Avezov.






Os pesquisadores acreditam que o principal componente para reverter as dobras são as proteínas de choque térmico (PCTs), as quais são produzidas quando as células são expostas a temperaturas acima da temperatura normal de crescimento — e em resposta ao estresse.

Avezov especula que isso pode ajudar a explicar porque alguns estudos recentes em países escandinavos sugerem que pessoas que usam saunas podem estar em menor risco de demência. “Uma possível explicação para isso é que esse estresse leve desencadeia uma maior atividade de PCTs, ajudando a corrigir proteínas emaranhadas”, supõe o pesquisador.