• Redação Galileu
Atualizado em
Mulher que sofreu de dores por 40 anos descobriu câncer nos dedos da mão (Foto: Claudia Love/Unsplash)

Mulher que sofreu de dores por 40 anos descobriu câncer nos dedos da mão (Foto: Claudia Love/Unsplash)

Uma mulher da Armênia que sofreu por mais de 40 anos com dores ​​no dedo indicador direito toda vez que tricotava descobriu um tumor benigno sob a unha. O câncer raro foi relatado na  Euroanaesthesia, reunião anual da Sociedade Europeia de Anestesiologia e Cuidados Intensivos (ESAIC), em Milão, na Itália, que ocorreu ente 4 a 6 de junho.






A paciente de 58 anos de idade compareceu à Clínica Wigmore, em Yerevan, em outubro de 2021, queixando-se de dor intensa em pontada, além de queimação no dedo. A mulher acreditava que o desconforto teria sido causado pelo seu hábito de fazer tricô.

A dor era acompanhada por uma sensação de agulhada no braço e no ombro direito, surgindo inclusive durante dias frios. A paciente não havia lesionado o dedo anteriormente, mas o desconforto persistia. Ela passou então por vários especialistas, sendo tratada — sem sucesso — para problemas que não tinha, como neuroma e a doença de Reynaud, condição que prejudica o sistema circulatório no frio.

Sem ter melhora alguma, a armênia foi examinada na Clínica Wigmore por uma equipe multidisciplinar, organizada pelo Hospices Civils de Lyon, o segundo maior hospital universitário francês, que atua na Armênia. Um exame físico revelou que o mesmo padrão de dor do tricô surgia no dedo ao pressionar ou acariciar a unha, aplicar gelo na mão ou segurá-la para baixo.

Por outro lado, levantar e segurar o braço proporcionava alívio quase imediato. Testes revelaram ainda que a mulher tinha níveis normais de sensibilidade à dor. Porém, a equipe resolveu investigar mais a fundo uma pequena parte ligeiramente bulbosa e mais escura da unha em seu dedo indicador direito.

A deformidade, revelada em um ultrassom junto de um defeito ósseo adjacente, sugeriu que a paciente tinha um tumor glômico, uma formação rara mais comum em mulheres de meia-idade e que representa cerca de 2% de todos os tumores de tecidos moles. A maioria desses tecidos (cerca de 75%) fica sob as unhas da mão ou do pé, mas pode surgir em qualquer parte do corpo.

Normalmente benignos, os tumores glômicos podem, em casos raros, tornar-se malignos e se espalhar para vários locais do corpo. Por sorte, esse não era o caso da armênia, que passou por um exame para medir o crescimento do tecido. Em seguida, foi realizada uma operação de remoção do tumor no final de outubro de 2021, onde se confirmou o diagnóstico e que o corpo estranho tinha 5 milímetros de tamanho.

Uma equipe armênia foi responsável pelo procedimento de 30 minutos, realizado no Departamento de Cirurgia da Mão do Centro Nacional de Queimaduras em Yerevan. De acordo com Mikhail Dziadzko, que fazia parte do grupo multidisciplinar que acompanhou o caso, o tumor cresceu ao longo das últimas quatro décadas. Embora cirurgiões plásticos e da mão estejam familiarizados com essa situação, os tumores glômicos podem representar um enigma para alguns especialistas.

Além disso, a qualidade de vida da mulher foi afetada não apenas por sensações dolorosas, mas também pela antecipação da dor e a frustração por não encontrar uma cura por tantos anos. Mas, a história acabou bem: a operação feita com anestesia local deu conta de remover o tecido benigno.






"Nenhum cuidado especial foi necessário após a cirurgia, além de analgésicos padrão, como paracetamol e anti-inflamatórios não esteroides, prescritos para um curto período de tempo”, conta Dziadzko, que garante em comunicado não ter ocorrido complicações.

Conforme o especialista, a recuperação da paciente foi um sucesso. "Quando atendida em uma consulta de acompanhamento três meses após a operação, ela disse que não sentia mais dor no dedo”, relatou o médico. "Ela conseguiu voltar ao seu passatempo — tricô — e quase esquecer esses 40 anos de sofrimento."