• Redação Galileu
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Seu fígado tem pouco menos de três anos  (Foto: Reprodução/ Getty Images)

Seu fígado tem pouco menos de três anos (Foto: Reprodução/ Getty Images)

Por ser um órgão que tem a função de limpar as toxinas do corpo, o fígado possui uma capacidade ímpar de regeneração. Para entender como o órgão é afetado pelo processo de  envelhecimento, uma equipe interdisciplinar da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, investigou a natureza da renovação do fígado em humanos. Liderados por Olaf Bergmann, os pesquisadores usaram datação retrospectiva por radiocarbono para avaliar a idade biológica dos tecidos do órgão. A pesquisa foi publicada no jornal científico Cell Systems nesta terça-feira (31).

Biólogos, físicos, matemáticos e clínicos analisaram os fígados de vários indivíduos que morreram com idades entre 20 e 84 anos. Assim, eles descobriram que as células do órgão de todos os sujeitos tinham mais ou menos a mesma idade. O resultado surpreendente mostrou que a massa hepática se ajusta às necessidades do organismo e é rigidamente regulada por meio da constante reposição de células. Esse processo ocorre mesmo em pessoas mais velhas e, de acordo com os pesquisadores, independentemente da sua idade, o seu fígado se regenerar como se tivesse com pouco menos de três anos.

Células hepáticas de renovam aproximadamente uma vez por ano (Foto: Reprodução/Paula Heinke)

Células hepáticas de renovam aproximadamente uma vez por ano (Foto: Reprodução/Paula Heinke)

Mas nem todas as células hepáticas permanecem tão jovens assim. Uma parte delas, as que carregam mais DNA, podem viver até 10 anos antes de se renovar. Já as células típicas se regeneram uma vez por ano, aproximadamente.

“A maioria das nossas células tem dois conjuntos de cromossomos, mas algumas delas acumulam mais DNA à medida que envelhecem. No final, essas células podem carregar quatro, oito ou até mais conjuntos de cromossomos”, explica Bergmann. “Como essa fração aumenta gradualmente com a idade, isso pode ser um mecanismo de proteção que nos salva do acúmulo de mutações prejudiciais”.

Desafios

Determinar a idade biológica das células humanas é um enorme desafio técnico, pois os métodos comumente usados ​​em modelos animais não podem ser aplicados a humanos.
Para transpor esse desafio, os pesquisadores optaram por utilizar uma técnica de datação por radiocarbono — mesmo com suas limitações.

“Arqueólogos usaram o decaimento do radiocarbono com sucesso por muitos anos para avaliar a idade dos espécimes", afirma Bergmann, líder do estudo. "A técnica fornece resolução suficiente para arqueólogos, mas, em geral, não é útil para determinar a idade das células humanas. No entanto, ainda pudemos aproveitar o radiocarbono em nossas pesquisas.”

A técnica utiliza valores do radiocarbono disponível em células e na atmosfera. “Mesmo que sejam quantidades insignificantes e não prejudiciais, podemos detectá-las e medi-las em amostras de tecidos. Ao comparar os valores com os níveis de radiocarbono atmosférico, podemos estabelecer retrospectivamente a idade das células”, explica o cientista.

Para Bergmann, a pesquisa mostra que estudar a renovação celular em humanos é tecnicamente desafiador, mas pode fornecer informações fundamentais ​​sobre a saúde o funcionamento dos nossos órgãos.