• Redação Galileu
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Pesquisadores alteraram células e clonaram dois filhotes da raça beagle (Foto: Ben Michel/Unsplash)

Pesquisadores alteraram células e clonaram dois filhotes da raça beagle (Foto: Ben Michel/Unsplash)

Cientistas sul-coreanos conseguiram usar a tecnologia de edição de genes CRISPR para clonar dois filhotes de cão da raça beagle pela primeira vez. O feito, que pode ajudar a criar cachorros de raça geneticamente mais saudáveis, foi registrado no último dia 13 de julho na revista BMC Biotechnology.






De acordo com o jornal The Telegraph, os filhotes tiveram seus genomas ajustados para eliminar a proteína DJ-1, ligada ao câncer, Parkinson, Alzheimer e derrame. Para tal, os cientistas extraíram células da pele chamadas fibroblastos de um feto de um beagle e removeram o gene responsável pela DJ-1 com a CRISPR.

Os fibroplastos alterados foram fundidos com óvulos da raça que tiveram seus núcleos removidos, antes de serem implantados em seis fêmeas. Ao todo, as cadelas receberam 68 embriões, sendo que uma delas engravidou e deu à luz a dois clones.

Nenhuma anomalia foi observada nos filhotes aos 14 meses de idade. Com isso, pela primeira vez, foi possível clonar cães com uma característica específica (no caso, a ausência da DJ-1). Isso é importante pois muitos cachorros de raça são propensos a doenças genéticas hereditárias, como problemas cardíacos, de pele, ossos e olhos devido à falta de diversidade genética.

A nova técnica, em contraponto, pode impedir que esses distúrbios ocorram antes mesmo do nascimento do cão. Embora a clonagem dos filhotes tenha sido apenas um teste para averiguar se o processo funciona e estudar o papel do gene da proteína, os autores da pesquisa defendem que a abordagem pode ter aplicações úteis no futuro na correção de mutações geradoras de doenças.

“O objetivo final de nossa pesquisa é curar cães, usando essa tecnologia, de mutações patogênicas induzidas por endogamia”, disse ao The Telegraph Okjae Koo, da empresa de biotecnologia sul-coreana ToolGen, que realizou a clonagem com a Chungnam National University. “Temos um plano de usar essa tecnologia para recuperar mutações patogênicas de vários cães e estamos desenvolvendo produtos de terapia genética para curar animais."

Cientistas da Coreia do Sul clonaram com sucesso dois filhotes de beagle  (Foto: Min-Kyu Kim et.al )

Cientistas da Coreia do Sul clonaram com sucesso dois filhotes de beagle (Foto: Min-Kyu Kim et.al )

A criação de embriões pela fusão de óvulos com células do corpo é conhecida como transferência nuclear de células somáticas (SCNT) e foi usada pela primeira vez em cães em 2005, quando um cachorro galgo-afegão chamado Snuppy se tornou o primeiro canino a nascer pelo método.






A técnica CRISPR age como uma "tesoura molecular" para cortar partes do genoma que são prejudiciais ou indesejadas. Segundo os pesquisadores, a técnica clona não só animais de estimação, mas “propaga cães de trabalho de elite, incluindo cães farejadores e cães de resgate”. A tecnologia serve também para “preservar raças caninas raras e espécies de canídeos ameaçadas de extinção, como lobos”.

Os filhotes de beagle parecem saudáveis, mas é importante explicar que a DJ-1 desempenha um papel em muitas doenças relacionadas à idade, logo o impacto de excluí-la pode não estar aparente até os cachorros ficarem mais velhos. Por isso, os cientistas dizem que estão “monitorando continuamente” os cães e trarão mais detalhes sobre seu bem-estar a longo prazo em pesquisas futuras.