• Redação Galileu
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Cromossomos X e Y de ratos  (Foto: Wikimedia Commons )

Cromossomos X e Y de ratos (Foto: Wikimedia Commons )

Conforme envelhecem, os homens perdem cromossomos Y nos seus glóbulos brancos. Essa perda está relacionada a uma morte precoce por problemas no coração, segundo sugere um estudo publicado nesta quinta-feira (14) na revista Science.






Pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, e da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, observaram que perder o cromossomo Y pode causar fibrose cardíaca e prejudicar a função músculo que bombeia sangue. Isso poderia explicar por que os homens geralmente morrem antes das mulheres.

Estudos anteriores já haviam associado a perda cromossômica nas células sanguíneas do sexo masculino à morte precoce e ao risco aumentado de câncer e Alzheimer. A mudança genética é chamada de mLOY (mosaic Loss Of Y chromosome, ou perda mosaica do cromossomo Y), e é detectada em pelo menos 20% dos homens de 60 anos e 40% dos de 70 anos.

Os cientistas usaram a ferramenta de edição genética CRISPR para provocar a mLOY em camundongos e notaram que o problema gerou danos diretos aos órgãos internos dos animais, reduzindo a sobrevivência dos roedores em comparação àqueles sem a perda do cromossomo. 

A ideia foi reproduzir nas cobaias a condição humana e analisar as consequências. “O exame dos camundongos com mLOY mostrou um aumento da cicatrização do coração, conhecido como fibrose. Vemos que o mLOY causa a fibrose que leva a um declínio na função cardíaca”, explica Lars Forsberg, colíder do estudo, em comunicado.

Em homens, os cientistas também confirmaram a perda do cromossomo Y como fator de risco para a morte por doença cardiovascular. Os testes ocorreram a partir de dados do banco genômico do Reino Unido UK Biobank, que contém informações de meio milhão de indivíduos entre 40 e 70 anos.

No início do estudo, os homens com mLOY apresentaram um risco aumentado de 30% de morrer de insuficiência cardíaca e outros tipos de encrencas cardiovasculares durante 11 anos de acompanhamento. 

“O DNA de todas as nossas células inevitavelmente acumula mutações à medida que envelhecemos. Isso inclui a perda de todo o cromossomo Y dentro de um subconjunto de células dentro dos homens”, explica Kenneth Walsh, que lidera a pesquisa com Forsberg.






Segundo o especialista, estudos que examinaram a perda cromossômica e outras mutações são promissores para o desenvolvimento de remédios contra essas mudanças. A nova pesquisa, por exemplo, mostrou ser possível bloquear uma via de sinalização que leva ao aumento da fibrose cardíaca em camundongos.

Essa via é estimulada pela mLOY em um certo tipo de glóbulo branco dos ratos chamado macrófago cardíaco. Bloquear o trecho sinalizador pode prevenir as alterações no coração.  “A ligação entre mLOY e fibrose é muito interessante, especialmente considerando as novas estratégias de tratamento para insuficiência cardíaca, fibrose pulmonar e certos tipos de câncer que visam neutralizar o início da fibrose”, conta Forsberg.