• Redação Galileu
Atualizado em
Redução de sódio pode evitar cerca de 200 mil casos de hipertensão (Foto: Emmy Smith/Unsplash)

Excesso de sal aumenta risco de morte e diminui expectativa de vida (Foto: Emmy Smith/Unsplash)

Não é novidade que o excesso de sal na comida pode acarretar diversos problemas como pressão alta e o comprometimento dos rins. Entretanto, um novo estudo indica que pessoas que adicionam o tempero à comida na hora da refeição também correm maior risco de morte prematura.

Liderado pelo professor Lu Qi, da Escola de Saúde Pública e Medicina Tropical da Universidade de Tulane, nos EUA, o estudo incluiu mais de 500 mil pessoas para analisar a relação entre frequência de adição de sal e expectativa de vida. As descobertas foram publicadas no European Heart Journal neste domingo (10).

“A pesquisa fornece novas evidências para apoiar as recomendações que visam melhorar os comportamentos alimentares, adicionando menos ou nenhum sal aos alimentos durante a refeição”, comenta Qi, em nota.

De acordo com o estudo, na população geral, cerca de três em cada 100 pessoas com idade entre 40 e 69 anos morrem prematuramente. O conceito de "prematuro" estabelecido pelos cientistas foi antes de 75 anos. Segundo os resultados, só a adição de sal na comida pode ser responsável por ceifar a vida de uma em cada 100 pessoas antes dessa idade..

O perigo do sal

No total, 501.379 participantes do UK Biobank responderam a um questionário sobre a frequência de adição de sal aos alimentos. Os pesquisadores, então, ajustaram suas análises para levar em conta fatores que poderiam afetar os resultados, como idade, sexo, raça, índice de massa corporal (IMC), tabagismo, ingestão de álcool, atividade física, dieta e condições médicas. Eles acompanharam os participantes por aproximadamente nove anos.

Os resultados revelaram que, em comparação àqueles que nunca ou raramente adicionavam sal, os que sempre colocavam sal na comida tinham risco 28% maior de morte prematura.

Além disso, o estudo encontrou uma expectativa de vida menor entre essas pessoas. Para as mulheres que sempre adicionavam sal à comida foi verificada uma redução de 1,5 ano na expectativa de vida em comparação àquelas que nunca ou raramente o faziam. Já nos homens esse número foi de 2,28 anos a menos.

Os pesquisadores também descobriram que esses riscos tendiam a ser ligeiramente reduzidos em pessoas que consumiam maiores quantidades de frutas e vegetais. Esses alimentos são ricos em potássio e realizam uma função protetora no organismo Mas, segundo os autores, esses resultados não foram estatisticamente significativos.

Como avaliar a ingestão de sódio?

Um desafio enfrentado na análise é que muitos alimentos, principalmente os pré-preparados e processados, têm altos níveis de sódio adicionados antes mesmo de chegarem à mesa. Em geral, estudos avaliam a ingestão de sal por meio de exames de urina e, portanto, não refletem necessariamente o comportamento alimentar.

Por essas razões, os pesquisadores optaram por verificar se as pessoas adicionavam ou não sal aos alimentos à mesa, independentemente de qualquer adição durante o preparo da refeição.

“Adicionar sal à comida já preparada é um comportamento alimentar comum que está diretamente relacionado à preferência de um indivíduo por alimentos com sabor salgado”, diz Qi. “Na dieta ocidental, a adição de sal à mesa representa de 6% a 20% da ingestão total de sódio e fornece uma maneira única de avaliar a associação entre a ingestão habitual do produto e o risco de morte”.

O professor ressalta que pelo fato de o estudo ser o primeiro a sugerir uma relação entre a adição de sal e a mortalidade, serão necessárias mais pesquisas para validar as descobertas antes de fazer recomendações. A participação no UK Biobank é voluntária, portanto, os resultados não são representativos da população geral.

Agora, a equipe se prepara para realizar estudos sobre a relação entre a adição de sal aos alimentos e doenças crônicas. Eles também esperam pode conduzir ensaios clínicos para testar os efeitos da redução de sódio e benefícios à saúde.