• Redação Galileu
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Peixe-gato, responsável por problemas segundo a cultura japonesa do século 18 (Foto: Divulgação)

Peixe-gato, responsável por problemas segundo a cultura japonesa do século 18 (Foto: Divulgação)

A humanidade sempre buscou explicar os acontecimentos científicos que a rodeia, mesmo sem perceber o quanto de química, física e biologia essas atividades envolvem. Por isso, vez ou outra mitos e lendas centenários se provaram lógicos e foram até mesmo comprovados pela ciência.

A caverna dos sonhos esquecidos
No sul da França é possível encontrar a Caverna de Chauvet, onde vários desenhos datados de 37 mil anos atrás foram feitos por nossos antepassados. As ilustrações mostram cervos gigantes, ursos, leões e até aos rinocerontes cercados por pessoas lutando pela vida. Graças a isso, o lugar às vezes é chamado de caverna de sonhos esquecidos.

Rinoceronte pintado na parede da (Foto: Wikimedia Commons)

Rinoceronte pintado na parede da Caverna de Chauvet (Foto: Wikimedia Commons)


A questão é que, em 1994, um desenho em particular chamou a atenção: o que parecia ser um spray, uma água colorida subindo da terra. Após algumas pesquisas descobriu-se que mais ou menos na época da criação dessas imagens um vulcão a 35 quilômetros da caverna entrou em erupção. O estrago foi tão grande que nossos antecessores se inspiraram para registrá-lo eternamente.

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O desaparecimento de Teonimanu
Quando Roraimenu descobre que sua esposa Sauwete'au o está traindo com um outro homem em Teonimanu, ele parte para a ilha em busca de vingança. Ao chegar na costa, Roraimenu começa um ataque violento e, com seu poder, faz com que ocorra um tsunami.

Os profissionais da área acreditam que um terremoto tenha acabado com a ilha, que sempre esteve em um desclive perto do oceano. Uma vez que os tremores chegaram na base de Teonimanu, a ilha desmoronou, o que provavelmente gerou um tsumani no meio do processo. No caso, as pessoas que sobreviveram contaram a história uma vez atrás da outra, gerando o mito.

Vampirismo no céu coreano
Textos filosóficos falam de uma explosão de luzes nos céus sobre a Coreia em 11 de março de 1437, claridade essa que teria ficado aparente por cerca de 2 semanas. Enquanto os antigos coreanos acreditavam que essa seria um evento divino, a ciência pensa que essas pessoas testemunharam nada mais nada mesmo do que o nascimento de uma nova.

Esse objeto é resultado de uma anã branca — o núcleo morto de uma estrela antiga — e uma estrela companheira orbitando destrutivamente em torno uma da outra. A anã densa rouba o gás hidrogênio de sua parceiro até atingir uma massa crítica, em que colapsa sob a influência da gravidade e desencadeia uma reação de fusão imparável, que culmina em uma explosão maciça claramente visível da Terra

Os fogos de Queensland
Uma história australiana de quase 7 mil anos vem sendo passada há 230 gerações pelo povo aborígene Gugu Badhun. Segundo a lenda, ocorreu uma enorme explosão que sacudiu a terra, seguida pelo surgimento de uma enorme cratera. Um pó acre varreu os céus e as pessoas que entraram na névoa nunca mais foram vistas. O ar estava fervendo e ao longo dos rios e da costa tudo estava em chamas.

Uma equipe de pesquisa descobriu que o vulcão Kinrara, situado no Nordeste da Austrália, entrou em erupção na mesma época em que a história foi contada primeira vez. Essa explosão teria feito a região virar cinzas, além de gerar enormes fluxos de lava que teriam queimado a terra em que os antepassados aborígenes uma vez andaram.

O peixe-gato da desgraça
Durante o século 18 o gigantesco peixe-gato Namazu passou a ser visto como o antagonista e culpado de diversos eventos. Acreditava-se que ele provocava infortúnio e que o balanço de sua cauda causava terremotos catastróficos.

Em 1855, Edo (agora Tóquio) foi atingida por um terremoto de 7,0 na escala Richter, cuja intensidade recorde destruiu grande parte da cidade e matou até 10 mil pessoas. Acreditava-se que a responsabilidade do caos era da criatura mitológica. Hoje sabe-se que o evento foi resultado da súbita ruptura longo da junção complexa das Pratas do Mar Eurasiático e Filipino.

As lágrimas de Pele
Acredita-se que Pele, a deusa havaiana do fogo vulcânico, chegou ao Havaí quando fugia de sua irmã mais velha. Ela teria se escondido em refúgios em cada ilha até se enterrar em um poço em Kilauea, e esse seria o motivo da grande atividade vulcânica no local.

Cratera em que vive Pele, deusa havaiana (Foto: Wikimedia Commons)

Cratera em que vive Pele, deusa havaiana (Foto: Wikimedia Commons)

Hoje sabemos que o vulcanismo é causado por uma pluma superaquecida no manto terrestre, sobreposição que desencadeia no alto nível de fusão da crosta logo abaixo de Kilauea. 

Também é dito que as lágrimas e cabelos de Pele podem ser encontrados espalhados pelo vulcão, mas a realidade é que quando a lava esfria rapidamente, especialmente quando entra em contato com água, esse material se transforma em vidro vulcânico. Algumas vezes a movimentação da lava resulta em objetos com formato de lágrima ou cabelo.

Vidro vulcânico que, para os moradores locais, seriam os cabelos de Pele (Foto: Wikimedia Commons)

Vidro vulcânico que, para os moradores locais, seriam os cabelos de Pele (Foto: Wikimedia Commons)

(Com informações de IFLScience.)

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