• Redação Gaileu
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Diminuição de CO2 ajudou no resfriamento da Terra há 34 milhões de anos (Foto: Adam Chang/Unsplash)

Diminuição de CO2 ajudou no resfriamento da Terra há 34 milhões de anos (Foto: Adam Chang/Unsplash)

Hoje coberta por gelo, a Antártida já foi um continente cheio de florestas 40 milhões de anos atrás, durante o Eoceno. Há 34 milhões de anos, no entanto, o declínio na concentração de CO2 na atmosfera motivou uma transição climática na Terra que substituiu as árvores pelo ambiente glacial antártico que conhecemos atualmente.

O achado é resultado de uma pesquisa liderada pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, e foi publicado nesta segunda-feira (02) no periódico Nature Geoscience. Até então, pouco se sabia sobre as causas desse esfriamento terrestre antigo, mas Vittoria Lauretano e David Naafs, ambos pesquisadores de Bristol, buscaram uma nova abordagem científica para analisar a questão — e funcionou.

Eles usaram fósseis preservados em carvão antigo para reconstruir a temperatura do nosso planeta durante aquela época. Assim, a equipe pôde observar a distribuição de lipídios bacterianos em depósitos de carvão localizados na bacia de Gippsland, no sudeste da Austrália.

"Originalmente, esses compostos incluíam as membranas celulares de bactérias que viviam em áreas úmidas antigas, com suas estruturas mudando ligeiramente para ajudar as bactérias a se adaptarem à mudança de temperatura e acidez”, explica o co-autor do artigo Rich Pancost, da Escola de Química da Universidade de Bristol, em comunicado. “Esses compostos podem, então, ser preservados por dezenas de milhões de anos, permitindo-nos reconstruir essas antigas condições ambientais."

Depósito de lignito, uma forma de carvão, na Austrália (Foto: Vittoria Lauretano)

Depósito de lignito, uma forma de carvão, na Austrália (Foto: Vittoria Lauretano)

A análise mostrou que, conforme o oceano esfriou, a média de temperatura da Terra diminuiu cerca de 3ºC. A partir dessa informação, os cientistas fizeram simulações em modelos climáticos que incluíam a redução de CO2 atmosférico para confirmar a relação entre esse fator e o resfriamento consistente observado com a amostra de carvão.

Para os autores, os dados fornecem novas evidências sobre o papel fundamental da concentração do CO2 na condução climática da Terra e dá pistas sobre como o fenômeno afetou a Antártida.