Séries
"Se você parar para pensar, as grandes corporações têm esse poder hipnotizador"
A atriz Bianca Comparato revela a beleza e os enígmas da série bilíngue O Hipnotizador
3 min de leitura![(Foto: Bianca Comparato/ Divulgação) (Foto: Bianca Comparato/ Divulgação)](http://s2.glbimg.com/KPCFse4jtIfldwIL6UK1poAs5Uw=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2015/08/24/hipnotizador.jpg)
(Foto: Bianca Comparato/ Divulgação)
A atriz Bianca Comparato já fez novela na Globo e também já deu as caras no cinema. Mas é seu trabalho em algumas das séries brasileiras mais legais que ela chama atenção, como em A Menina Sem Qualidades, da MTV, e Sessão de Terapia, do GNT. Recentemente, a Netflix anunciou Bianca no elenco da primeira série nacional produzida pelo serviço de streaming, chamada 3%, com estreia para 2016. Até lá, quem quiser conferir o talento da atriz carioca pode assistir a série O Hipnotizador, que estreou dia 23 de agosto (domingo), prometendo elevar ainda mais o nível das obras da HBO.
A adaptação do quadrinho argentino “El Hipnotizador”, de Pablo de Santis, traz a história do enigmático hipnotizador Arenas, misturando a beleza de Penny Dreadful com os mistérios da clássica Além da Imaginação. A produção — que une atores brasileiros, falando em português, com argentinos e outros representantes da América Latina, falando em espanhol — é um exemplo que poderia causar inveja a Mercosul. GALILEU conversou com Bianca para saber como foi essa integração toda.
Gravar em espanhol e português deu um no na sua cabeça?
Imagina [Risos]. Acho que isso abre uma porta incrível para a América Latina, para crescermos juntos. Adorei não ter a rigidez de uma língua padrão. E, como nós nos preocupamos em usar termos mais universais, a linguagem está bastante inteligível, mesmo para quem não fala espanhol. Além disso, ter como pano de fundo uma cidade clássica e atemporal como Montevidéu foi ótimo.
E o que dizer da sua personagem que mal conhecemos mas já consideramos pacas?
[Risos] Nos quadrinhos, a Anita é uma senhora mais matrona, então nós diminuímos a idade dela. É uma pessoa bem estável, quem está sempre mudando é o Hipnotizador, o Arenas. A Anita e o Salinero são como um porto seguro, cuidam do hotel em que o Arenas vive, representam o lado puro da história. São quase ingênuos, são um pouco o alívio cômico também. Já os mistérios do Arenas são mais profundos.
Você se interessa pessoalmente por hipnose?
Quando o convite aconteceu eu nunca tinha lido nada sobre isso. Vi alguns filmes do Woody Allen mas nunca foi uma coisa muito próxima. Daí eu parei pra refletir e vi como o mundo moderno é um pouco hipnótico. O celular, a internet, essa quantidade de informações deixam a gente um pouco hipnotizado. O mundo corre ao seu lado e você fica ali vidrado naquela tela. Por isso, achei o tema da série muito contemporâneo, tem essa ligação com os dias de hoje. Se você parar para pensar, as grandes corporações tem esse poder hipnotizador.
Então a série despertou seu interesse pelo assunto?
Sim. Conversei muito com o [ator] Leonardo Sbaraglia, que falou com vários hipnotizadores. Ele disse que, no primeiro encontro que teve com um hipnotizador, o cara foi tipo: “Como você sabe que não está sendo hipnotizado agora? O que é realidade para você? O que é sonho?”. Isso deixa a gente mais afiado sobre a percepção. Por isso, eu sempre deixava a Anita um pouco diferente na presença do Arenas.
Mudou a sua concepção sobre hipnotismo depois da série?
Total! Eu tinha essa visão mais ingênua, um pouco circense, de mágico, colocava tudo nesse bolo. Mas vi que é uma coisa bem mais séria, tem um monte de terapia através da hipnose, essa exploração da mente acessar lugares no cérebro que você nem sabia que existia. Vejo a hipnose como uma forma de expandir a consciência, sem efeito colateral.
A que outras séries você assiste, além das suas?
Gosto muito de filmes e de séries, e acho que estes dois meios estão se fundindo cada vez mais. Não é a toa que a indústria cinematográfica está invadindo em peso a TV. Eu assisto muito a séries, às vezes, fico o final de semana inteiro em casa e vejo tudo de uma vez. Adoro Mad Man, Breaking Bad. Vi uma agora que achei impressionante o trabalho da atriz [Tatiana Maslany], Orphan Black. Acho True Detective genial, Orange is the New Black eu vi em dois dias. E outra brasileira que tenho visto é Magnífica 70, a história e a fotografia são lindíssimas.
A série é exibida todo domingo, às 21 horas, na HBO. Veja o trailer: