• Redação Galileu
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Um estudo de uma universidade japonesa tentou correlacionar a uso de utilizar as mãos na fala com a nomeação de objetos (Foto: pixabay)

Um estudo de uma universidade japonesa tentou correlacionar a uso de utilizar as mãos na fala com a nomeação de objetos (Foto: pixabay)

Um estudo publicado em agosto no periódico Scientific Reports testou a existência da cognição corporificada em humanos, que é a capacidade de dar significados a objetos por meio de interações com o corpo e o ambiente. Realizado por um grupo da Universidade Metropolitana de Osaka, Japão, o estudo conduziu experimentos e análises cerebrais de voluntários para comprovar a tese.

"Foi muito difícil estabelecer um método para medir e analisar a atividade cerebral. A primeira autora, a Sra. Sae Onishi, trabalhou persistentemente para chegar a uma tarefa, de forma que pudéssemos medir a atividade cerebral com precisão suficiente", comenta, em nota, o professor Shogo Makioka, líder do estudo.

A melhor forma de medir a atividade cerebral foi deixar os participantes passarem por duas situações. Em uma, as mãos dos participantes ficavam em cima de uma mesa presa por uma placa de acrílico transparente e, em outra, livre, enquanto as palavras eram apresentadas em uma tela e os voluntários tinham que responder qual dos objetos citados era maior do que o outro.

Ilustração que demonstra como os voluntários eram deixados, com e sem a placa de acrílico sobre as mãos (Foto: Makioka, Osaka Metropolitan University)

Ilustração que demonstra como os voluntários eram deixados, com e sem a placa de acrílico sobre as mãos (Foto: Makioka, Osaka Metropolitan University)

Assim, os participantes são estimulado a pensar nos dois objetos, comparar seus tamanhos e pensar no significado de cada palavra. Para resultados mais assertivos, os pesquisadores utilizaram dois meios de testagem.

O primeiro, mostrava na tela apenas duas palavras, como "copo" e "vassoura", que representam objetos de uso manual. No caso, a resposta era "vassoura". Uma outra forma de análise era a mesma situação, mas entre um objeto manipulável e outro de difícil manipulação. O intuito dessa diferença é para observar como cada situação era processada pelo cérebro.

Após as respostas, a atividade cerebral foi medida com espectroscopia funcional no infravermelho próximo (fNIRS), por meio da avaliação do sulco intraparietal e do lóbulo parietal inferior (giro supramarginal e giro angular) do cérebro esquerdo. Essas partes são responsáveis ​​pelo processamento semântico relacionado às ferramentas. Assim, o grupo de pesquisa tinha acesso à velocidade da resposta verbal, possibilitando a determinação da rapidez das respostas dos participantes após as palavras aparecerem na tela.

Com isso, os resultados mostraram que a atividade do cérebro esquerdo em resposta a objetos manipuláveis e respostas verbais foi significativamente reduzida quando se tinha restrições com a mão. 

Esses resultados indicam que restringir o movimento da mão afeta o processamento mental sobre significado do objeto, apoiando a ideia de cognição corporificada. Segundo os pesquisadores, esse conceito não é só importante para entender o pensamento humano, mas também para o desenvolvimento de inteligências artificiais mais eficazes, como no caso do robôs que manipulam objetos e podem aprender como identificá-los de forma mais rápida e acurada.