• Marília Marasciulo
Atualizado em
Coretta Scott King (Foto: Warren K. LeffleR/Wikimedia Commons)

Coretta Scott King (Foto: Warren K. LeffleR/Wikimedia Commons)

Menos famosa que o marido, um dos principais líderes do movimento por direitos civis nos Estados Unidos, mas não menos importante, Coretta Scott King foi uma grande ativista por direitos dos negros e das mulheres no mundo. Nascida no dia 27 de abril de 1927 no Alabama, ela se envolveu nas causas sociais muito antes de conhecer Martin Luther King Jr.. Há quem diga, inclusive, que foi ela quem o influenciou a se tornar ativista — quando questionado em uma entrevista se havia educado a esposa sobre as questões, King teria respondido “ela que me educou”.

Conheça a sua história:

Infância marcada por racismo
Nascida e criada no Alabama, estado do sul dos Estados Unidos, a família de Scott King sofreu com racismo: a casa e o moinho foram queimados por supremacistas brancos. Ela se formou como a melhor da classe no ensino médio, e foi para a faculdade em Ohio, onde se envolveu com a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor do campus e o movimento negro. Ela também desafiou um decreto que proibia estudantes negros de ensinarem nas escolas locais.

Casamento
Excelente cantora, Scott King recebeu uma bolsa para estudar no Conservatório de Música da Nova Inglaterra, em Boston, onde se formou em Música. Lá, conheceu o futuro marido, que cursava o doutorado na Universidade Boston. Descrita pelo escritor James Baldwin como “independente e ferozmente informal”, Scott King era mais envolvida com política do que Luther King, embora parte da atração entre os dois fosse justamente o interesse mútuo no assunto. Os dois se casaram em junho de 1953 e, no ano seguinte, voltaram para o Alabama, onde ele trabalharia como pastor.

Coretta Scott King e Martin Luther King chegam em Amsterdam, onde o pastor e ativista para receber um doutorado honorário em ciências sociais pela Universidade Livre de Amsterdã (Foto: Joost Evers/Wikimedia Commons)

Coretta Scott King e Martin Luther King chegam em Amsterdam, onde o pastor e ativista para receber um doutorado honorário em ciências sociais pela Universidade Livre de Amsterdã (Foto: Joost Evers/Wikimedia Commons)

Ativismo
Além de lutar por direitos de pessoas negras, Scott King também era crítica feroz da guerra do Vietnã e comprometida com a paz global. Em 1957, ela ajudou a fundar o Comitê por uma Política Nuclear Sana. Em 1959, levou o marido para a Índia a fim de que aprendessem sobre o trabalho de Gandhi. Em 1962, na Conferência pelo Desarmamento de Geneva, na Suíça, ela representou a Greve das Mulheres pela Paz.

Apoio incondicional
No boicote que o pastor liderou aos ônibus segregados da cidade, ela desempenhou um papel crucial: oito semanas depois do início do boicote, a casa da família — com o primeiro bebê do casal, Yolanda, de 10 meses — foi bombardeada. Os pais do casal imploraram para que ao menos Scott King e o bebê saíssem da cidade, mas ela recusou. Em um artigo de 1966, ela lembra que percebeu o quão importante era ficar ao lado do marido. Ele teria dito a ela: “Coretta, você foi uma verdadeira soldada. Você foi a única que ficou comigo.” Se ela tivesse hesitado, talvez a trajetória do boicote que influenciou o movimento por direitos civis tivesse sido diferente.

Luta continuada
Depois do assassinato de Martin Luther King Jr. em Memphis, no dia 4 de abril de 1968, Scott King assumiu a liderança da luta por igualdade racial. Também se tornou ativa no movimento feminista e por direitos LGBT. Graças ao seu esforço, fez do aniversário do marido um feriado nacional, e fundou o Centro King, em Atlanta, em memória a ele. Scott King viveu até os 78 anos e morreu em 30 de janeiro de 2006, no México, vítima de um câncer no ovário. Seu funeral em Atlanta — ela foi a primeira afroamericana a ser velada no capitólio da Geórgia — teve mais de 10 mil pessoas, inclusive quatro de cinco presidentes e ex-presidentes que ainda estavam vivos.

Coretta Scott King em 2002 (Foto: Wikimedia Commons)

Coretta Scott King em 2002 (Foto: Wikimedia Commons)