• Redação Galileu
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Estudo mostra que Van Gogh sofria com transtorno bipolar e crises de abstinência de álcool (Foto: Wikimedia Commons)

Estudo mostra que Van Gogh sofria com transtorno bipolar e crises de abstinência de álcool (Foto: Wikimedia Commons)

Um dos maiores mistérios que rondam o mundo da arte há mais de um século são as circunstâncias da morte de Van Gogh. Em 29 de julho de 1890, aos 37 anos, o pintor holandês morreu por complicações de uma tentaiva de suicídio usando arma de fogo. 

Desde então, diversas teorias médicas e psicológicas tentam explicar o que estaria acontecendo na vida do artista. Foi o que fizeram pesquisadores da Universidade de Medicina de Groningen, na Holanda, em um estudo publicado no último dia 2 de novembro no periódico International Journal of Bipolar Disorders.

Segundo os cientistas, o artista sofria de transtorno bipolar e depressão, agravados por delírios causados pela abstinência de álcool. Eles analisaram 902 cartas, das quais 820 foram escritas pelo pintor para seu irmão Theo e outros parentes. Além disso, os estudiosos fizeram entrevistas com historiadores da arte especializados na vida e obra de Van Gogh.

Segundo o artigo, desde jovem ele já apresentava sinais de transtorno de humor bipolar, com traços de um transtorno de personalidade limítrofe — também conhecido como borderline. Isso "provavelmente piorou por meio do excessivo uso de álcool combinado com desnutrição, o que levou, em combinação com tensões psicossociais crescentes, a um crise em que cortou a orelha”, afirmam os autores, solucionando outra dúvida de décadas: o que o levou a cortar o órgão.

O momento foi seguido por três hospitalizações consecutivas em Arles, na França, entre dezembro de 1888 e maio de 1889. Nesse ano, ele foi transferido para o asilo de Saint-Rémy-de-Provence, onde chegou “sem nenhuma vontade”, segundo o estudo. Durante suas internações, o pintor escreveu que sofreu “alucinações insuportáveis”, ansiedade e pesadelos. Em uma das cartas analisadas, ele descreveu a sensação como uma “febre ou loucura mental ou nervosa, não sei bem o que dizer ou como nomear”.

Imagem Starry Night - Vicent Van Gogh  (Foto: wikimedia commons)

A pesquisa também descarta o diagnóstico de esquizofrenia (Foto: wikimedia commons)

Os pesquisadores sugerem que esses sintomas estão ligados a um período forçado sem álcool. Eles acrescentam que os dois delírios relacionados à abstinência foram seguidos por “episódios depressivos graves (sendo pelo menos um com características psicóticas), dos quais ele não se recuperou totalmente, levando ao suicídio”.

Além disso, a pesquisa descartou o diagnóstico de esquizofrenia. Conforme a compreensão atual desse transtorno, "isso é improvável por ele nunca ter apresentado sintomas psicóticos antes do incidente do ouvido aos 35 anos, e tampouco durante os intervalos entre seus surtos nos últimos 15 meses de vida." 

É preciso lembrar que, quando vivo, o pintor nunca foi diagnosticado. Van Gogh deixou como legado obras fundamentais para a história da arte, como "A Noite Estrelada", "Os Girassóis" e "O Quarto".