• Beatriz Gatti e Bernardo França
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Conheça a trajetória das Mães e Avós da Praça de Maio (Foto: Ilustração: Bernardo França)

Conheça a trajetória das Mães e Avós da Praça de Maio (Ilustração: Bernardo França)

Era sábado, 30 de abril de 1977, quando 14 mulheres vestiram um lenço branco na cabeça e foram à Praça de Maio, no centro de Buenos Aires. Elas buscavam informações sobre seus filhos, desaparecidos durante a ditadura militar instaurada na Argentina no ano anterior.

Em 30 de abril de 1977, 14 mulheres marcharam na Praça de Maio, em Buenos Aires, em busca de seus filhos desaparecidos (Foto: Ilustração: Bernardo França)

Em 30 de abril de 1977, 14 mulheres marcharam na Praça de Maio, em Buenos Aires, em busca de seus filhos desaparecidos (Ilustração: Bernardo França)


Não demorou até que mais mulheres se juntassem. Para não serem repreendidas, já que era proibido se agrupar nas ruas, as mães caminhavam em torno do monumento da praça. Com chuva ou sol, a partir daquele 30 de abril, as “Mães da Praça de Maio” estariam lá toda quinta-feira, às 15h30.

As Mães da Praça de Maio andaram em volta do monumento, pois era proibido ficar parado na rua em grupo (Foto: Ilustração: Bernardo França)

As Mães da Praça de Maio andaram em volta do monumento, pois era proibido ficar parado na rua em grupo (Ilustração: Bernardo França)

         
Dentre os mais de 30 mil desaparecidos, havia muitas grávidas, que tiveram seus bebês roubados e entregues à adoção. Com isso, mulheres começaram a reivindicar o paradeiro também de seus netos. As agora “Avós da Praça de Maio” foram a quartéis, tribunais e orfanatos — sem sucesso.

Muitos bebês de grávidas desaparecidas foram roubados e entregues à adoção. Algumas mulheres começaram então a buscar também o paradeiro de seus netos, formando as Avós da Praça de Maio (Foto: Ilustração: Bernardo França)

Muitos bebês de grávidas desaparecidas foram roubados e entregues à adoção. Algumas mulheres começaram então a buscar também o paradeiro de seus netos, formando as Avós da Praça de Maio (Ilustração: Bernardo França)

As abuelas, então, recorreram à ciência. Testes de DNA são capazes de provar parentesco, mas como encontrar os netos de pais desaparecidos? Após diversas tentativas de atrair a atenção da comunidade científica internacional, as avós conseguiram ajuda de pesquisadores dos Estados Unidos.

A luta das Avós da Praça de Maio atraiu a atenção da comunidade científica internacional (Foto: Ilustração: Bernardo França)

A luta das Avós da Praça de Maio atraiu a atenção da comunidade científica internacional (Ilustração: Bernardo França)


Em 1987, foi criado o Banco Nacional de Dados Genéticos, por meio do qual seria possível confirmar relações de parentesco apenas com o material genético de avós e netos. Com o DNA das abuelas coletado, elas começaram a fazer campanhas direcionadas a pessoas que tivessem dúvidas sobre sua genealogia.

As Avós da Praça de Maio criaram, com ajuda de cientistas, o Banco Nacional de Dados Genéticos, e começaram campanhas de busca genética pelos netos desaparecidos (Foto: Ilustração: Bernardo França)

As Avós da Praça de Maio criaram, com ajuda de cientistas, o Banco Nacional de Dados Genéticos, e começaram campanhas de busca genética pelos netos desaparecidos (Ilustração: Bernardo França)


Graças ao método, 130 netos já foram encontrados. Mas ainda restam muitos: a organização Avós da Praça de Maio estima que 500 crianças desapareceram na ditadura, que durou até 1983. Desde aquela tarde de 1977, mulheres marcharam na praça portenha em 2.246 quintas-feiras, e seguem incansáveis.

130 netos já foram encontrados, mas a esperança continua para aqueles ainda desaparecidos (Foto: Ilustração: Bernardo França)

130 netos já foram encontrados, mas a esperança continua para aqueles ainda desaparecidos (Ilustração: Bernardo França)