• Marília Marasciulo
Atualizado em
Conheça os 5 maiores genocídios da história. Acima: Civis alemães, que foram forçados a visitar o recém-libertado campo de concentração de Buchenwald, veem um caminhão-plataforma cheio de cadáveres. (Foto: Wikimedia Commons)

Conheça os 5 maiores genocídios da história. Acima: Civis alemães, que foram forçados a visitar o recém-libertado campo de concentração de Buchenwald, veem um caminhão-plataforma cheio de cadáveres. (Foto: Wikimedia Commons)

A palavra “genocídio” nunca foi tão usada no Brasil como nos últimos meses. O que começou com uma campanha da oposição ao presidente Jair Bolsonaro para responsabilizá-lo pelas mais de 400 mil mortes por Covid-19, agora começa a entrar na esfera jurídica. Na primeira quinzena de abril, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu que seja levado ao plenário da Corte uma queixa-crime contra Bolsonaro por genocídio dos povos indígenas durante a pandemia.

O plenário do STF deverá avaliar se a Procuradoria-Geral da República (PGR) abre inquérito para investigar o caso. Segundo a denúncia, o presidente impediu o acesso de comunidades indígenas à água potável e insumos médicos ao vetar trechos de uma lei de assistência. Inicialmente, a queixa-crime foi recusada pela PGR, justificando que o veto foi por falta de recursos para a compra dos materiais.

A expressão “genocídio” foi cunhada em 1943 pelo advogado polonês de origem judaica Raphael Lemkin para descrever os crimes cometidos contra a etnia armênia na Primeira Guerra Mundial e contra o povo judaico durante a Segunda. É definida como uma ação coordenada para exterminar uma nação ou um grupo étnico. É uma palavra de etimologia híbrida, a partir do termo grego “genos” (raça, tribo) e do latim “-cídio” (assassinato).

No Direito Internacional, genocídio é considerado um crime contra a humanidade. Os casos são analisados e julgados pela Corte Penal Internacional de Haia, nos Países Baixos. Embora seja um conceito moderno, é algo que faz parte da história humana desde a Antiguidade: a destruição de Cártago por Roma em 146 a.C é considerada por muitos historiadores como o primeiro genocídio da história.

Conheça a seguir os 5 genocídios com o maior número de mortes da história:

O Holocausto
Estimativa de mortes: 5,7 a 6 milhões de pessoas
Período: 1941 a 1945
Durante a atuação alemã na Segunda Guerra Mundial, estima-se que dois terços de toda a população judaica da Europa tenha sido exterminada pelos nazistas, seja nos campos de concentração ou em massacres nas cidades ocupadas. O genocídio foi planejado sistematicamente com uma mentalidade industrial, no que era chamado internamente pelo governo alemão como “Solução Final”.

Polônia
Estimativa de mortes: 1,8 a 3 milhões de pessoas
Período: 1939 a 1945
Além dos judeus, os poloneses também foram sistematicamente massacrados pelo governo alemão nazista durante a Segunda Guerra Mundial. O conflito começou a partir da invasão à Polônia, em 1939. Estima-se que, ao final da guerra, de 6% a 10% da população polonesa tenha sido exterminada.

Camboja
Estimativa de mortes: 1,3 a 3 milhões de pessoas
Período: 1975 a 1979
O regime comunista conhecido como Khmer Vermelho governou com mãos de ferro o Camboja entre 1975 a 1979. Com o objetivo de tornar o país uma república agrária socialista à força, o ditador Pol Pot organizou massacres e perseguições sistemáticas aos cidadãos. Estima-se que de 15% a 33% da população do país tenha sido assassinada pelo regime.

Genocídio Circassiano
Estimativa de mortes: 800 mil a 2,5 milhões
Período: 1864 a 1867
A Circássia era uma nação localizada na região norte do Cáucaso, na costa nordeste do Mar Negro. Foi invadida e anexada pelo Império Russo no século 19 a um custo de mais de 90% da sua população étnica morta ou deportada. Embora seja o primeiro genocídio da Era Moderna, o extermínio da população circassiana só é reconhecido atualmente pela República da Geórgia.

Armênia
Estimativa de mortes: 700 mil a 1,8 milhões
Período: 1915 a 1922
A limpeza étnica da população armênia, então súdita do Império Otomano, ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial. Um de seus objetivos foi dar espaço para o desenvolvimento de um nacionalismo étnico turco. O Genocídio Armênio sempre foi motivo de polêmica nas relações internacionais. Em 2021, 32 países o reconhecem formalmente, incluindo o Brasil e os Estados Unidos. A Turquia ainda nega a sua existência.