• Marilia Marasciulo
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A Liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix (Foto: Wikimedia Commons)

A Liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix (Foto: Wikimedia Commons)

Na transição do feudalismo, sistema dominante na Europa Ocidental até a Idade Média, para o início do surgimento dos estados modernos, o pensamento político começou a ser estruturado em diferentes ideologias. O objetivo era criar um conjunto de princípios e ideias sobre como a sociedade deveria se estruturar nos âmbitos sociais, culturais e econômicos, funcionando como um guia para como o poder deveria ser distribuído e usado.

Ao longo dos anos, foram surgindo dezenas de ideologias, que indicam qual forma de governo, modelo econômico e valores morais considera os ideais para a sociedade. Entenda algumas das que mais receberam atenção nas últimas décadas:

Democracia
A democracia é uma forma de governo na qual todos os cidadãos participam de forma direta ou indireta, através de pessoas que elegem para representá-los, na proposta, desenvolvimento e criação de leis que irão governá-los.

Autocracia
A combinação dos radicais gregos autos e kratos significa “poder/governo por um só ou si próprio”. Neste tipo de governo, todo o poder está concentrado em um único governante, que pode ser uma só pessoa, um comitê ou um partido. Há também tendência de personalização do poder — as políticas adotadas são confundidas com interesses pessoais, não existem outros membros do governo ou, se existem, são ignorados, ideias contrárias e oposição são tratadas com truculência e o autocrata e seus aliados têm impunidade.

Anarquismo
O anarquismo é uma ideologia política que prega a ausência de um governo e se opõe a todo tipo de dominação e hierarquias A proposta é superar a ordem social com um projeto baseado na autogestão, com uma sociedade baseada na cooperação mútua entre as pessoas, que podem se associar livremente.

Capitalismo
O sistema econômico e social predominante no mundo é baseado na sociedade privada e, como o nome sugere, na acumulação de capital — dinheiro ou bens e objetos que podem gerar mais dinheiro. O sistema é dividido em duas classes principais: os capitalistas (donos dos meios de produção ou dos bens que podem gerar dinheiro) e os trabalhadores (que vendem sua mão de obra em troca de uma remuneração). O objetivo do capitalismo é a maximização dos lucros dos capitalistas, reduzindo custos ou elevando os preços dos produtos ou dos serviços. Tudo é feito em um mercado livre, com pouca ou nenhuma interferência dos governantes, conforme leis da oferta e da demanda.

Socialismo
Contrapondo-se ao capitalismo, o socialismo defende que os meios de produção e os bens devem ser públicos, ou coletivos, com o objetivo de proporcionar uma sociedade com igualdade de oportunidades para todos. No socialismo, o Estado é o responsável por distribuir e produção, organizando um sistema de igualdade e cooperação. Os teóricos mais famosos do pensamento socialista são Karl Marx e Friedrich Engels, que, com a teoria da mais-valia, demonstraram que os trabalhadores não recebiam um pagamento equivalente ao valor das riquezas que produziam, o que geraria desigualdades e problemas sociais.

Comunismo
Embora muitas vezes tratado como sinônimo de socialismo, o comunismo seria um passo à frente do socialismo: alcançada a igualdade absoluta entre os cidadãos, o Estado torna-se desnecessário, e a sociedade passa a ser capaz de se autorregulamentar. Os trabalhadores são, enfim, proprietários do trabalho e dos bens de produção, e não existem mais diferentes classes sociais.

Fascismo
O fascismo é uma ideologia nacionalista e autoritária que surgiu na Itália no fim da Primeira Guerra Mundial como oposição ao socialismo, ideias que assustavam capitalistas e cidadãos mais conservadores. Sua retórica explora assuntos como combate à corrupção, crise na economia ou declínio de valores morais da sociedade, e apoia a repressão violenta para resolver tais problemas. Embora se digam capitalistas e defendam algumas ideias do capitalismo, como a propriedade privada e pequenas e médias empresas, líderes fascistas buscam intervir na economia. Também apoiam que a nação é um bem supremo, em nome da qual qualquer sacrifício pode ser exigido aos cidadãos, e que a salvação vem da organização militar e da guerra.