• Redação Galileu
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Microplásticos podem ser dissipados pelo ar (Foto: Janice Brahney/Cornell University)

Partículas de microplástico (em azul) cercadas por poeira, minerais e carvão em microscópio (Foto: Janice Brahney/Cornell University)

A poluição por plástico está entre as grandes preocupações ambientais do século 21. Além de demorar centenas de anos para se decompor, esse tipo de material pode ser transportado pela atmosfera como microplástico, praticamente seguindo um ciclo biogeoquímico próprio — são os chamados aerossóis microplásticos.

Em uma pesquisa publicada no último dia 20 de abril no periódico Proceedings of the National Academy of Science, cientistas dos Estados Unidos e da Áustria se dedicaram a identificar possíveis origens dessa minpusculas partículas áreas de plástico. Para isso, foram coletados dados de dezembro de 2017 a janeiro de 2019, com foco no oeste dos EUA.

“Nós encontramos bastante poluição por plástico por todo lado onde olhamos”, afirma, em nota, Janice Brahney, principal autora do artigo e professora na Universidade Estadual de Utah. “Esse plástico não é novo, ele veio de tudo que jogamos no meio ambiente por décadas”, complementa.

Os resultados sugerem que 84% das partículas de microplástico analisadas vieram de estradas, graças à movimentação de carros e caminhões, que geram esses poluentes a partir da abrasão de pneus contra o asfalto. A pesquisa evidencia ainda que cerca de 11% chegaram à atmosfera a partir do oceano e 5% tiveram origem em solos utilizados para agricultura.

Os pesquisadores descobriram que, no caso dos ambientes marinhos, a ação oceânica acaba triturando o lixo plástico em pequenas partículas e as transporta pela atmosfera por um período que pode variar de uma hora a seis dias.

O fato desses materiais estarem se acumulando em tantos lugares e recirculando para as mais diversas áreas chamou a atenção dos cientistas. “Não é apenas nas cidades ou nos oceanos. Estamos achando microplásticos em parques nacionais”, observa a pesquisadora Natalie Mahowald, da Universidade Cornell, também nos EUA.

Diante desse cenário, os pesquisadores acreditam que compreender as origens e as consequências do microplástico na atmosfera deveria ser uma prioridade. “As nossas melhores estimativas mostram que a maioria dos continentes provavelmente importa microplásticos do ambiente marinho”, alerta Mahowald. Por isso, a equipe pretende futuramente fazer mais pesquisas sobre o ciclo do plástico.

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com