• Redação Galileu
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Xiulin Ruan, professor de engenharia mecânica da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, segura uma amostra da tinta mais branca já registrada (Foto: Reprodução/Purdue University/Jared Pike)

Xiulin Ruan, professor de engenharia mecânica da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, segura uma amostra da tinta mais branca já registrada (Foto: Reprodução/Purdue University/Jared Pike)

Em outubro de 2020, pesquisadores da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, criaram a tinta mais branca de todas com a intenção de usá-la para pintar edifícios e resfriá-los, ajudando a combater o aquecimento global.

A invenção foi aprimorada de lá para cá e os experts dizem que agora a tintura é também capaz de manter as superfícies mais frias do que a temperatura ambiente. A criação foi registrada em uma pesquisa, publicada nesta quinta-feira (15) no jornal acadêmico ACS Applied Materials & Interfaces.

De acordo com os autores, o revestimento para edifícios seria capaz de resfriar os prédios o suficiente para reduzir a necessidade de usar ar condicionado, o que poupa energia e é benéfico para o planeta.






Além de enviar calor infravermelho para longe da superfície, a formulação nova da tinta ultrabranca reflete até 98,1% da luz solar. Para se ter uma ideia, a antiga composição, feita de carbonato de cálcio, refletia 95,5% dessa luminosidade.

Já as tintas comerciais projetadas para rejeitar calor refletem apenas de 80% a 90% de luz. Fora que as tinturas convencionais não esfriam superfícies em relação ao ambiente, algo que a invenção dos cientistas é bastante capaz de fazer.

A potência de resfriamento do produto é de aproximadamente 10 quilowatts, considerando uma área ampla de quase 93 metros quadrados. “Isso é mais poderoso do que os condicionadores de ar centrais usados ​​pela maioria das casas", explica Xiulin Ruan, líder da pesquisa, em comunicado.

Uma câmera infravermelha mostra como uma amostra da tinta branca mais branca esfria a superfície mais do que a temperatura ambiente (a área resfriada é a região escura do quadrado roxo) (Foto: Reprodução/Purdue University/Joseph Peoples)

Uma câmera infravermelha mostra como uma amostra da tinta branca mais branca esfria a superfície mais do que a temperatura ambiente (a área resfriada é a região escura do quadrado roxo) (Foto: Reprodução/Purdue University/Joseph Peoples)

Para atingir um branco intenso, os cientistas enriqueceram a tinta com um composto químico chamado sulfato de bário, que também é usado para tornar brancos os papéis fotográficos e cosméticos.

Isso acontece porque as partículas de sulfato de bário têm tamanhos diferentes e a quantidade de luz que cada uma delas espalha varia. Essa variedade de tamanho, portanto, contribui para que a tinta se espalhe mais no espectro luminoso do Sol, deixando o produto com maior capacidade de reflexão.

Para testar a invenção, os cientistas usaram equipamentos de leitura de temperatura de alta precisão chamados termopares. Ao colocarem a tinta ao ar livre, perceberam que ela manteve superfícies até 7ºC mais frias do que o ambiente durante a noite.

No Sol do meio-dia, essa diminuição de temperatura com relação ao ambiente foi de até -13ºC. Mesmo no inverno, quando a temperatura ambiente era de 6ºC, o produto foi capaz de diminuir a temperatura da superfície em -7ºC.






O produto, que já passou por seis anos de pesquisa, também foi aprovado nas mesmas etapas que passam as tintas comerciais. Isso demonstrou que ao revestimento ultra branco é tão resistente quanto as tinturas convencionais disponíveis no mercado. Um pedido de patente para a nova formulação da tinta já foi enviado ao Escritório de Comercialização de Tecnologia da organização Purdue Research Foundation.

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com