• Redação Galileu
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A geleira de Thwaites, um dos lugares ameaçados analisados pelo estudo (Foto: Wikimedia Commons)

Calor no interior da Terra ajuda a derreter “Geleira do Juízo Final" na Antártica (Foto: Nasa Ice/Wikimedia Commons)

Atualmente responsável por 4% do aumento anual do nível do mar, o derretimento da geleira Thwaites, na Antártida Ocidental, pode se agravar ainda mais. Em novo estudo, pesquisadores alemães e britânicos revelam que, além das mudanças climáticas, o calor no interior da Terra provavelmente tem afetado, por milhões de anos, o comportamento da massa de gelo também conhecida como “Geleira do Juízo Final”.

Publicada no último dia 18 de agosto no periódico Communications Earth & Environment, a pesquisa lembra que a geleira está localizada sobre uma trincheira tectônica, onde a crosta terrestre é significativamente mais fina do que na Antártida Oriental. Enquanto na região leste a espessura da crosta é de aproximadamente 40 quilômetros, a porção oeste do território gelado tem blocos de crostas bem mais finos.

"Nossas medições mostram que onde a crosta terrestre tem apenas de 17 a 25 quilômetros de espessura, o fluxo de calor geotérmico de até 150 miliwatts por metro quadrado pode ocorrer sob a geleira Thwaites", explica Ricarda Dziadek, geofísica do Instituto Alfred Wegener (AWI), na Alemanha, em comunicado.

Já era antiga a hipótese de que em regiões de crosta mais fina deve haver maior absorção do calor do manto superior da Terra. Agora, os cientistas resolveram mapear o fluxo de calor a partir do cálculo da distância entre crosta e manto em vários pontos da Antártida.

Eles não conseguiram cravar a temperatura exata do gelo quando ele está no fundo do mar, mas acreditam que o aquecimento dessa área é prejudicial para a geleira Thwaites. "Grandes quantidades de calor geotérmico podem, por exemplo, levar o fundo da geleira a não congelar completamente ou a uma camada constante de água se formando em sua superfície", afirma Karsten Gohl, também geólogo da AWI.

Ambas as condições poderiam facilitar o deslizamento de gelo sobre o solo. Em breve, os especialistas poderão descobrir quão precisa é a avaliação de fluxo de calor feita ao longo da Antártida Ocidental, incluindo métodos como a perfuração de núcleos de gelo.

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com.