• Redação Galileu
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Imagem de um depósito de inundação de basalto em Marte na região de Marte Vallis  (Foto: Divulgação/ Nasa)

Imagem de um depósito de inundação de basalto em Marte na região de Marte Vallis (Foto: Divulgação/ Nasa)

Uma nova simulação climática da NASA sugere que uma das contribuições significativas para o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio são as erupções vulcânicas chamadas de inundação de basalto. O fenômeno é o resultado de uma erupção vulcânica gigantesca ou uma série de erupções que revestem grandes extensões com a rocha ígnea.

O estudo foi publicado no periódico científico Geophysical Research Letters.

Ao contrário de erupções vulcânicas breves e explosivas, que ocorrem ao longo de horas ou dias, as inundações de basalto podem ser uma série de episódios eruptivos que duram talvez séculos cada, às vezes até mais. Alguns aconteceram aproximadamente na mesma época dos eventos de extinção em massa, e muitos estão associados a períodos extremamente quentes na história da Terra.

Os pesquisadores usaram o modelo climático Goddard Earth Observing System para simular uma fase da erupção do Columbia River Basalt que ocorreu entre 15 milhões e 17 milhões de anos atrás no noroeste do Pacífico dos Estados Unidos. Os cientistas descobriram que, globalmente, houve um resfriamento líquido por cerca de dois anos antes que o aquecimento superasse o efeito de resfriamento.

“Esperávamos um resfriamento intenso em nossas simulações”, disse Scott Guzewich, do Goddard Space Flight Center da NASA, em comunicado. “No entanto, descobrimos que um breve período de resfriamento foi superado por um efeito de aquecimento.”

Guzewich explica que a atmosfera  transforma o dióxido de enxofre emitido pelas grandes erupções em aerossóis de sulfato sólido. Esses aerossóis refletem a luz solar visível, que causa o efeito inicial de resfriamento, mas também absorvem a radiação infravermelha, que aquece a atmosfera.

Tal aquecimento permite que o vapor de água (normalmente confinado perto da superfície) se misture na estratosfera (normalmente muito seca). O vapor de água contribui para o aquecimento da superfície do planeta, sendo um gás de efeito estufa muito eficaz e que emite radiação infravermelha.

O aumento previsto de vapor de água na estratosfera também ajuda a explicar a gravidade da destruição da camada de ozônio porque, após a erupção, a circulação da estratosfera muda de forma a desencorajar a formação de ozônio.

A pesquisa também analisou as erupções de inundação de basalto em Marte e Vênus, e sugeriu que, embora possam ter ajudado a aquecer seus climas, elas poderiam ter condenado a habitabilidade a longo prazo desses mundos, contribuindo para a perda de água.

Estudos prévios já concluíram que os planetas em questão possam ter tido oceanos de água no passado distante, mas atualmente, ambos estão muito secos. Se a onda de vapor de água na atmosfera superior prevista pela simulação for realista, o extenso vulcanismo de inundação pode ter contribuído para seus destinos áridos.

Isso aconteceria porque, quando o vapor de água é elevado na atmosfera, torna-se suscetível a ser quebrado pela luz solar, e os átomos leves de hidrogênio das moléculas de água podem escapar para o espaço. Se sustentado por longos períodos, isso pode esgotar os oceanos.

Um Só Planeta (Foto: Um Só Planeta)

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