Ao longo de uma antiga estrada, em Khirbat el-Masani, a cerca de 4 km de Jerusalém, arqueólogos escavaram o esqueleto acorrentado de um monge de 1,5 mil anos. O religioso estava próximo aos vestígios de uma igreja do período bizantino.
Segundo publicação no Facebook da Autoridade de Antiguidades de Israel, a descoberta ocorreu em 2017. O monge bizantino estava acorrentado em anéis de ferro — e provavelmente não era o único preso com correntes.
“Um fenômeno fascinante descoberto em escavações em Jerusalém é o de esqueletos humanos enterrados envoltos em pesadas correntes de ferro pesando dezenas de quilos”, informa a postagem. “Dois desses enterros foram encontrados em escavações realizadas com várias décadas de intervalo.”
O esqueleto humano, acorrentado em volta do pescoço, mãos e pés, foi descoberto em uma cova ao lado de duas pequenas celas fechadas em forma de nicho na abside central do templo. O santuário foi identificado como sendo a Igreja de São Zacarias, mandada construir por um padre chamado Sabino.
A extensa escavação de 2017, dirigida pelos arqueólogos Israel Zubair Adoi e Kafir Arbiv da Autoridade de Antiguidades de Israel, revelou um grande complexo arquitetônico, compreendendo um mosteiro, uma pousada e a igreja, permitindo compreender a planta, os métodos construtivos e a datação do templo.
De acordo com a entidade responsável, o enterrado provavelmente era um monge que vivia dentro ou perto do complexo da igreja, e ele carregava as correntes como parte de sua devoção religiosa.
“Os monges ascetas escolheram praticar a autoprivação vivendo em reclusão e envolvendo-se em correntes dentro de celas fechadas”, explica a pasta. “Essa forma de ascetismo se originou na Síria no quarto ou quinto século d.C. e está bem documentada em fontes históricas.”
A evidência arqueológica, segundo a Autoridade de Antiguidades de Israel, mostra que essa prática de autoflagelação se espalhou na época ao menos até o sul da região de Jerusalém.
Embora a descoberta do esqueleto envolto em correntes seja extremamente rara na região, um achado similar foi feito em 1991, em Khirbat Tabaliya (Givat Ha-Matos), entre Jerusalém e Belém, pela arqueóloga Elena Kogan-Zehavi, que também atua na entidade.