Arqueologia

Por Redação Galileu

Na sepultura de uma jovem em um cemitério medieval do período mongol da Rússia (entre os séculos 13 e 14), arqueólogos encontraram um bordado com uma representação iconográfica de Jesus Cristo, João Batista e, possivelmente, Maria.

O Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências anunciou o achado em 23 de janeiro. A descoberta ocorreu durante a construção da rodovia de alta velocidade Moscou-Kazan, onde foram encontrados um cemitério cristão associado e um assentamento medieval, cobrindo uma área de mais de 34 mil m².

De acordo com comunicado, arqueólogos escavaram 46 túmulos feitos segundo o costume cristão. Em 5 enterros foram encontrados botões de metal. Em um túmulo masculino havia fragmentos de fita e tecido de ouro, bem como restos de casca da árvore bétula, que seriam resquícios de uma gola bordada em seda.

No chamado “sepultamento feminino 28” estava a jovem, morta entre seus 16 e 25 anos de idade. O fragmento têxtil que retrata Jesus e os demais santos, que os pesquisadores acreditam que era um tipo de "cocar cristão", foi encontrado 30 centímetros à direita do crânio da garota. Nesta parte, o enterro foi perturbado por aragem, de modo que, provavelmente, o fragmento foi removido do seu local original.

Fragmento do tecido que retrata Jesus Cristo  — Foto:  Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências
Fragmento do tecido que retrata Jesus Cristo — Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências

A tira de tecido do "cocar" tem 12,1 cm de comprimento e 5,5 cm de largura e é composto por duas partes conectadas por uma costura vertical composta por uma fita dourada com padrão trançado. O forro não sobreviveu; no entanto, uma inspeção microscópica encontrou restos de casca de bétula e perfurações de agulha ao longo das bordas inferior e superior.

A figura central do tecido representa uma imagem frontal de Jesus Cristo em gesto de bênção, enquanto à direita está João Batista em pose de oração, de frente para ele. A inspeção revelou ainda que à esquerda havia uma figura feminina, provavelmente Maria.

A costura rica em ouro mostra que o traje era de alto status. “Deve-se notar o alto nível de artesanato, sutileza da joia e elegância deste bordado em miniatura”, afirma o comunicado. “Também deve ser enfatizado que bordar em fita dourada requer mais habilidades e experiência do que apenas bordar em tecido”.

Fragmento de têxteis encontrados em cemitério cristão medieval antes da restauração   — Foto:  Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências
Fragmento de têxteis encontrados em cemitério cristão medieval antes da restauração — Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências

O bordado é feito com menores pontos de fios de seda de várias cores e fios de ouro. Para dar efeitos artísticos adicionais, várias técnicas de costura foram usadas. Além disso, acredita-se que essas fitas estavam amplamente disponíveis na Rússia no período mongol e eram usadas como decoração para roupas, incluindo golas, punhos e colares.

Restos de tecido descoberto em um cemitério cristão medieval  — Foto:  Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências
Restos de tecido descoberto em um cemitério cristão medieval — Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências

Fitas desse tipo também eram frequentemente feitas em Bizâncio e na Espanha e eram usadas ​​junto com costuras de ouro, placas de metal e outros elementos decorativos. Exemplos semelhantes foram encontrados na necrópole de Ivorovsky, perto de Staritsa, retratando Miguel Arcanjo com uma lança; e ainda no cemitério de Karoshsky, na região de Yaroslavl, com rostos bordados de santos e cruzes.

Fragmento de têxteis no enterro do período mongol — Foto:  Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências
Fragmento de têxteis no enterro do período mongol — Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências
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