Arqueologia

Por Redação Galileu

Pesquisadores traçaram relações entre tabuletas de maldição romana e passagens do “Apocalipse”, o livro final do Novo Testamento da Bíblia. De acordo com eles, em ambos existem descrições, frases e terminologias usadas de modo semelhante.

Divulgado em 8 de fevereiro, a conclusão faz parte do projeto de pesquisa "Rituais Desencantados", liderado por Michael Hölscher, da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, na Alemanha.

Segundo conta o pesquisador em comunicado, as maldições deixadas nas tabuletas relacionadas ao “Apocalipse” podem ter sido “expressão indireta da necessidade de segregação e da tentativa de autopreservação de uma comunidade cristã primitiva muitas vezes ameaçada".

Os rituais de maldição fizeram parte da vida cotidiana em amplas áreas do Império Romano por um período de mil anos. Os encantamentos eram muitas vezes inscritos ou esculpidos em folhas finas de chumbo com a intenção de causar danos a um rival ou oponente.

O uso das tábuas e rituais associados se espalhou à medida que o império se expandiu, tendo sido encontrado em locais desde o Egito até a Grã-Bretanha. Eles eram usados ​​tanto por pessoas menos instruídas quanto por aquelas de status mais elevado.

Até agora, cerca de 1,7 mil feitiços em folhas de chumbo foram compilados. Os achados arqueológicos são originários de uma era que data de aproximadamente 500 a.C a 500 d.C. As maldições eram direcionadas a litigantes opostos em processos judiciais, adversários esportivos ou rivais em casos amorosos.

As tabuletas eram frequentemente depositadas em sepulturas ou nas proximidades de locais sagrados, onde se acreditava que espíritos do submundo garantiriam a eficácia do feitiço.

"O ritual de maldição como um todo não se restringia simplesmente à redação do feitiço como tal, mas também envolvia o ato de escrevê-lo, a perfuração das tábuas ou seu enterro em locais deliberadamente selecionados", disse Hölscher, descrevendo aspectos da prática tabella defixionis, considerada uma forma de feitiçaria ou magia negra prescrita pela lei romana.

De acordo com o especialista, é possível encontrar no livro de “Apocalipse” palavras e frases muito semelhantes às que apareciam nas tábuas, embora não sejam citações literais. Na Bíblia, um anjo que atira uma enorme pedra ao mar e diz: “Assim, com violência, será derrubada aquela grande cidade de Babilônia, e nunca mais será encontrada”. A fala pode ser interpretada como uma maldição e pode estar associada com o uso rotineiro de tábulas da época.

Outra relação seria que, no livro bíblico, o domínio romano e o culto ao imperador são retratados como fenômenos demoníacos e satânicos, dos quais a minoria cristã lutava para se isolar.

"O livro do Apocalipse contribui para o processo de autodescoberta, a busca de uma identidade distinta por parte de uma minoria cristã em um mundo dominado por uma maioria romana pagã que prestava homenagens rotineiras não apenas ao imperador, mas também aos principais deuses romanos", explicou Hölscher.

Conforme o expert, é possível ainda que “aqueles que leram ou ouviram as palavras do "Apocalipse" de João tenham visto passagens inteiras, frases únicas ou conceitos à luz de feitiços de maldição". Isso seria um sinal da influência da cultura das tábuas de feitiços pagãos nos escritos cristãos.

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