Arqueologia

Por Redação Galileu

Um túmulo da era romana descoberto em Sagalassos, no sudoeste da Turquia, contém indícios de que as pessoas daquela época temiam o “retorno dos mortos”.

Arqueólogos acharam pregos dobrados intencionalmente no local, onde o corpo foi cremado, selado com duas dúzias de tijolos e ainda com uma camada de gesso. A descoberta do enterro de 2 mil anos, onde repousa um homem, foi publicada em 21 de fevereiro na revista Antiquity.

O túmulo, datado de 100 a 150 d.C., contém 41 pregos tortos espalhados ao longo das bordas de sua pira de cremação, além de 24 tijolos colocados ainda fumegantes e uma camada de cal por cima.

“O enterro foi fechado não com uma, nem duas, mas três maneiras diferentes que podem ser entendidas como tentativas de proteger os vivos dos mortos – ou o contrário”, disse o primeiro autor do estudo, Johan Claeys, arqueólogo da Universidade Católica de Leuven (KU Leuven), na Bélgica, ao site Live Science.

Conforme contou Claeys, essa é a primeira vez que a combinação de pregos tortos, cremação e coberturas de ladrilhos ou gesso é registrada, embora cada uma dessas práticas isoladas seja conhecida em cemitérios da era romana.

Segundo escrevem os pesquisadores no estudo, quase todos os pregos registrados ao longo das bordas da cremação não serviam a nenhum propósito funcional. Esses objetos diferem dos exemplos intactos em outras partes do cemitério, usados ​​para fins práticos, como para selar caixões ou objetos de madeira.

Em vez disso, a função dos pregos pode ter sido ritualística. “Fontes literárias antigas fornecem relatos de pregos sendo usados ​​em contextos mágicos como feitiços neutralizantes contra uma ampla variedade de influências malignas”, explicam os autores.

Normalmente, as cremações da era romana envolviam uma pira funerária seguida pela coleta dos restos, que eram colocados em uma urna e depois enterrados em uma sepultura ou depositados em um mausoléu. De modo diferenciado, o homem de Sagalassos foi cremado no mesmo lugar de seu enterro, segundo revelou seu posicionamento ósseo.

As pessoas da região podem ter enterrado esse homem de forma não convencional como uma forma de “magia” ou por causa de uma conexão sobrenatural. É possível que seu enterro tenha sido feito para neutralizar uma morte incomum ou não natural; porém, os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de trauma ou doença nos ossos.

Claeys acredita que o homem foi provavelmente enterrado por seus parentes em uma cerimônia que teria levado dias para ser preparada e realizada. Ele diz não ser possível afirmar se algum membro da família foi ou não enterrado nas proximidades, já que o DNA geralmente é destruído por altas temperaturas em cremações antigas.

Os itens funerários encontrados no túmulo incluem, além dos pregos, fragmentos de uma cesta de tecido, restos de comida, uma moeda, vasos de cerâmica e vidro. "Parece claro que o falecido foi enterrado com toda a desenvoltura apropriada", nota o pesquisador, observando que essa parecia ser "a maneira adequada de se separar de um ente querido na época”.

A combinação dos pregos tortos e demais esforços implica um medo de "mortos inquietos”, conforme os autores do estudo. “Independentemente de a causa da morte ter sido traumática, misteriosa ou potencialmente o resultado de uma doença contagiosa ou punição, parece ter deixado os mortos com a intenção de retaliação e os vivos com medo do retorno do falecido”, dizem os pesquisadores.

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