Arqueologia

Por Redação Galileu

Analisando uma inscrição gravada numa grande jarra de barro descoberta em Ofel, a poucos passos do Monte do Templo de Jerusalém, pesquisadores constataram que ela se refere a uma visita da rainha de Sabá à cidade descrita na Bíblia.

Um estudo sobre o achado, datado do século 10 a.C., foi registrado nesta segunda-feira (3) no Jerusalem Journal of Archaeology. A pesquisa foi conduzida pelo professor Daniel Vainstub, da Universidade Ben-Gurion do Neguev, em Israel.

A jarra contendo a inscrição foi originalmente descoberta junto com os restos de seis outras jarras, durante escavações realizadas em 2012 na área de Ofel e lideradas pela falecida pesquisadora Eilat Mazar, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Segundo Vainstub contou ao portal Times Of Israel, a inscrição de sete letras registra um dos ingredientes encontrados na mistura de incenso usada no templo: uma resina de goma perfumada conhecida como ládano.

Ilustração da inscrição de 7 palavras encontrada perto do Monte do Templo de Jerusalém — Foto: Daniel Vainstub
Ilustração da inscrição de 7 palavras encontrada perto do Monte do Templo de Jerusalém — Foto: Daniel Vainstub

Esse material é relatado em Êxodo 30:34: esse trecho bíblico diz que o ládano aromático (Cistus ladaniferus) é provavelmente o segundo componente do incenso da adoração no Templo.

Ao contrário da opinião consensual anterior de uma dúzia de pesquisadores, que afirmavam que a inscrição estava em língua cananeia, Vainstub acredita que o idioma venha do Reino de Sabá, a mais de 2 mil km de distância.

O pesquisador relata em seu estudo que a inscrição traz um antigo alfabeto arábico meridional com a presença do que parece ser uma palavra na língua sabeana. No período do Primeiro Templo, essa língua era usada onde hoje é o Iêmen, local do antigo Reino de Sabá.

A análise das palavras sugere que a inscrição não apresenta um “texto coerente”, com três letras na escrita árabe do sul formando a palavra “ládano”. Outra letra, semelhante à letra hebraica “het”, significa o número 5. Três outras letras são inconclusivas.

Se Vainstub estiver certo, a inscrição de Ofel é a mais antiga do sul da Arábia encontrada até agora em Israel. O texto parece ter sido gravado em argila úmida originária de Jerusalém, e o escriba era possivelmente falante nativo do Reino de Sabá — que fornecia especiarias para incenso.

De acordo com o especialista, isso aponta para fortes laços comerciais não confirmados anteriormente entre Jerusalém e Sabá. A inscrição também reforça o debate em torno da visita de uma delegação do Reino de Sabá ao rei Salomão no século 10 a.C., relatada livros bíblicos Reis e Crônicas.

Para Vainstub, decifrar a inscrição ensina “não apenas sobre a presença de um falante da língua dos sabeus em Israel durante a época do rei Salomão, mas também sobre o sistema de relações geopolíticas em nossa região naquela época”, segundo diz em comunicado.

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