Arqueologia

Por Redação Galileu

Uma equipe de pesquisadores do Institut National de Recherches Archéologiques Préventives (INRAP), da França, escavou uma área no sudoeste da cidade francesa de Thérouanne e descobriu, debaixo de uma camada densa de lodo, um centro de artesanato romano de 1.700 anos.

Segundo nota de imprensa, arqueólogos descobriram evidências de trabalho manual com couro e vidro, incluindo objetos de sapateiros, pescadores, vidreiros e açougueiros. Os achados, inclusive, estavam relativamente bem conservados. “Isso raramente acontece em áreas periurbanas, onde os vestígios de edificações se mantêm normalmente abaixo dos níveis de circulação de pessoas”, observam os pesquisadores.

A boa conservação pode ser explicada pelo lodo na região: os depósitos de barro são ambientes anaeróbicos, o que retarda a decomposição de materiais orgânicos. Além disso, a mistura terrosa também ajudou a proteger os artesanatos da luz solar e da erosão, e permitiu a retenção de água dos materiais, estendendo a vida útil deles.

Achados no canal do rio Lys

A descoberta não foi planejada: o foco inicial da pesquisa era uma estação de tratamento de águas residuais. Pesquisadores encontraram o centro de artesanato da época do imperio romano após cavarem cerca de 3 metros de lodo compactado do canal do rio Lys.

A escavação do canal também rendeu uma grande quantidade de ossos rejeitados após o abate de gado. Conforme os arqueólogos, esses achados indicam que artesãos no local fabricavam cola e faziam o curtimento do couro bovino.

Nas investigações do canal que fica perto dos edifícios, os pesquisadores ainda encontraram vários sapatos de couro com sola cravejada e restos triangulares desse material. Esses são indícios de que ali havia um sapateiro e um curtume que, assim como açougueiros, teriam usado o rio Lys como depósito de lixo.

Pedaços de couro descobertos no fundo do canal de Lys da escavação de Thérouanne  — Foto: © Dominique Bossut, Inrap
Pedaços de couro descobertos no fundo do canal de Lys da escavação de Thérouanne — Foto: © Dominique Bossut, Inrap

Outro ponto que chamou a atenção dos arqueólogos foram os vários fragmentos de mós, uma pedra acoplada a um moinho. Isso indica que havia um moinho grande na região, provavelmente situado não muito longe da área de escavação.

Amostras do sedimento do fundo do canal também revelaram vários outros artefatos, como moedas, pequenos objetos de bronze com detalhes dourados, estiletes, broches finos de ouro, arpões, chaves, placas e hastes metálicas.

Descobertas nos edifícios

A área escada é representada por dois edifícios perpendiculares ao canal de água. O primeiro deles, instalado a sudoeste da via, tem uma área de 115 metros quadrados. Uma de suas extremidades possui uma plataforma de giz sustentada por estacas de madeira. Acredita-se que o local teria formado um cais durante o império romano.

Já o segundo edifício apresenta um notável estado de conservação, e guarda uma antiga oficina de vidreiro. Arqueólogos acharam um cilindro de vidro azul e um fragmento desse mesmo material dentro de uma fornalha. A escavação do edifício, que ainda está em curso, e apontou sinais de que o local passou por diversos rearranjos – incluindo um que teria acontecido após um incêndio.

Vista a noroeste sobre o canal em primeiro plano e a oficina de vidro ao fundo. — Foto: © Frédéric Audouit, Inrap
Vista a noroeste sobre o canal em primeiro plano e a oficina de vidro ao fundo. — Foto: © Frédéric Audouit, Inrap

O período de ocupação romana não é o único a ser representado no sítio arqueológico francês: pesquisadores também acharam um edifício medieval de 100 metros quadrados. Com várias divisões, a construção tem uma pequena adega escavada em alvenaria e restos de uma lareira que evocam uma cozinha. Segundo o INRAP, o local provavelmente pertencia a um complexo maior e deve ter sido abandonado em meados do século 16, período que corresponde à destruição de Thérouanne pelas tropas de Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico (1500–1558).

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