Arqueologia

Por Redação Galileu

Arqueólogos descobriram em 2021 duas tumbas contendo pelo menos 50 esqueletos no coração do deserto de Negev, no sul de Israel. Mas só agora, num estudo publicado em 9 de julho no Jornal do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv, pesquisadores puderam levantar a hipótese de que os restos mortais são de mulheres vítimas do tráfico para prostituição.

Diferentemente dos cemitérios que são comumente encontrados no Negev, de formatos arredondados, as duas câmaras achadas são quadradas. “Até agora, esses tipos de túmulos nunca haviam sido descobertos na região e não estão associados a nenhum tipo de assentamento”, afirma Tali Erickson-Gini, um dos responsáveis pelo estudo, em entrevista ao portal Live Science.

Os restos mortais foram localizados no cruzamento de duas importantes trilhas que vão de oeste a leste, do Egito ao Wadi Arabah (região próxima do Mar Morto), muito utilizadas por comerciantes na antiguidade. “O enterro ao longo das estradas antigas não era algo incomum. Muitas pessoas morriam nesses trajetos, seja devido à violência ou a doenças”, explica o especialista.

Amuletos de Bes, o divino protetor de mulheres e crianças na cultura egípcia, também foram encontrados na tumba — Foto: Divulgação/Davida Eisenberg-Degen
Amuletos de Bes, o divino protetor de mulheres e crianças na cultura egípcia, também foram encontrados na tumba — Foto: Divulgação/Davida Eisenberg-Degen

Além de, pelo menos 50 esqueletos, a tumba ainda continha tesouros de diferentes culturas do sul do Levante (a região ao redor do Mediterrâneo oriental), sul da Arábia e Egito. A maioria deles data do final da Idade do Ferro e início do período persa aquemênida (século 7 a.C. ao século 5 a.C.).

Inclusive, foraM esses objetos que deram os primeiros indícios sobre o sexo dos restos humanos descobertos. Ao lado dos ossos, residiam joias de liga de cobre e ferro, vasos de cerâmica e conchas do Mar Vermelho, que eram amplamente utilizados pelas egípcias como talismãs.

Os autores ainda sugerem que essas mulheres podem ter sido traficadas. Compradas em Gaza ou no Egito, elas teriam sido levadas para a Arábia, onde provavelmente foram vendidas como noivas ou prostitutas. Apesar de inscrições mineanas encontradas no Iêmen documentarem essas práticas, mais evidências são necessárias para se comprovar a hipótese.

Ao lado dos ossos, há porta-incensos e uma bandeja de alabastro – remanescentes do outrora famoso comércio de mirra. Arqueólogos também observaram que alguns dos recipientes de incenso foram quebrados intencionalmente, provavelmente como parte de um ritual de enterro.

As posições de alguns restos humanos dentro das sepulturas indicam que os esqueletos foram movidos de seu local original para abrir espaço para enterros adicionais. Isso sugere que o local foi usado por um longo tempo.

A análise dessas tumbas pode ajudar a preencher uma importante lacuna em registros arqueológicos. “Sabemos muito sobre o comércio dessa região, mas a maioria de nossas evidências vêm de registros escritos greco-romanos, que datam muito depois deste enterro”, afirma Juan Manuel Tebes, historiador que não participou da pesquisa, ao Live Science.

O sistema de túmulos foi preservado e restaurado para que os arqueólogos possam dar continuidade aos seus estudos.

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