O mais antigo vilarejo à beira de um lago na Europa pode ter sido descoberto por arqueólogos na Albânia. Segundo informou nesta sexta-feira (11) a Agência France-Presse, (AFP), trata-se de um antigo assentamento de palafitas que existiu há 8 mil anos.
Os especialistas encontraram destroços que acreditam ser dessa vila nas águas azul-turquesa do lago Ohrid, conhecido como a "Pérola dos Bálcãs". O vilarejo de palafitas pode ter abrigado uma das primeiras comunidades sedentárias da Europa.
Uma datação por radiocarbono do local estima que a vila seja dos anos 6 mil a 5,8 mil a.C. "É várias centenas de anos mais antiga do que os locais de habitação em lagos conhecidos anteriormente nas regiões do Mediterrâneo e dos Alpes", conta à AFP Albert Hafner, professor de arqueologia da Universidade de Berna, na Suíça.
Nos últimos quatro anos, Hafner e sua equipe de arqueólogos suíços e albaneses realizaram escavações em Lin, no lado albanês do lago Ohrid, que atravessa a fronteira montanhosa da Macedônia do Norte e da Albânia.
Em um mergulho recente, os pesquisadores descobriram evidências de um assentamento fortificado com milhares de tábuas pontiagudas usadas como barricadas defensivas. Eles estimam que cerca de 100 mil espinhos foram cravados no fundo do lago. “Para se protegerem dessa forma, eles [os habitantes] tiveram que derrubar uma floresta”, afirma Hafner.
Mas por que os aldeões precisavam construir fortificações tão extensas para se defender? Os arqueólogos estão ainda procurando uma resposta. Para Hafner, o vilarejo é "um verdadeiro tesouro para pesquisa". Segundo o especialista, outras aldeias que estão entre as mais antigas da Europa foram descobertas nos Alpes italianos e datam de cerca de 5 mil a.C.
Ao vasculhar o fundo do lago com ajuda de mergulhadores profissionais, os arqueólogos descobriram fragmentos fossilizados de madeira e valiosos pedaços de carvalho. "O carvalho é como um relógio suíço, muito preciso, como um calendário", compara o arqueólogo albanês Adrian Anastasi, que lidera a equipe.
Ao analisarem os anéis das árvores, os especialistas tentaram reconstruir a vida cotidiana dos habitantes da vila, que teria abrigado entre 200 e 500 pessoas. Os moradores teriam vivido em casas construídas sobre palafitas acima da superfície do lago ou em áreas regularmente inundadas pela subida das águas.
“Construir sua aldeia sobre palafitas foi uma tarefa complexa, muito complicada, muito difícil, e é importante entender por que essas pessoas fizeram essa escolha”, disse Anastasi.
Por enquanto, os cientistas supõem que a aldeia dependia da agricultura e da pecuária para alimentação. "Encontramos várias sementes, plantas e ossos de animais selvagens e domesticados", disse Ilir Gjepali, um professor de arqueologia albanês que trabalha no local.
Conforme Anastasi, cada escavação fornece informações valiosas, permitindo que a equipe reúna uma imagem da vida ao longo das margens do lago Ohrid há milhares de anos — desde a arquitetura das habitações até a estrutura de sua comunidade.
Ainda levará duas décadas para que o local seja totalmente estudado e para que as conclusões finais sejam tiradas sobre os mistérios da vila, segundo a AFP.