Mosaico romano da mitologia grega surpreende arqueólogos na Espanha; veja

O local das escavações fica no lado oeste da cidade, delimitado pela barragem de contenção do rio Ana e a parede sul de uma cidadela árabe. O sítio passou por investigações em 1976, antes de ser adquirido pela Administração Central de Mérida.

Na ocasião, foram descobertos restos de uma domus romana (uma casa) e um trecho da muralha da cidade. Após décadas de abandono, no início de 2019, iniciou-se um projeto de investigação com o objetivo de documentar o local através de escavações, levantamentos geofísicos e a adaptação dos vestígios exumados a visitas públicas.

O mosaico faz parte de grandes resultados obtidos em setembro de 2022, segundo aponta em comunicado Pilar Amor, delegada para Formação e Patrimônio Arqueológico. Ela conta que as escavações tiveram uma ótima colocação profissional, permitindo 85% dos 15 alunos participantes encontrarem empregos.

Conforme José Vargas, instrutor de arqueologia da Escola Profissional Barraeca II, o mosaico policromado tem cerca de 30 m² e seu motivo principal é a cabeça de Medusa emoldurada por um medalhão octogonal. Quatro pavões, representando as quatro estações, estão localizados nos cantos de hexágonos.

Tudo isso está enquadrado “numa grande praça em que motivos florais e animais (pássaros e peixes) se intercalam com máscaras”, conforme o instrutor. “O aparecimento da imagem da Medusa é típico nos pavimentos de mosaico do séc 2 d.C. como sinal profilático ou de proteção dos habitantes da domus”, ele acrescenta.

Para Félix Palma, administrador do Consórcio Cidade Monumental, o sítio “tem um carácter excecional pelo nível de conservação dos vestígios e, sobretudo, pelo aparato ornamental que decora a casa bem conservada: não só o mosaico da Medusa, mas também pinturas e motivos escultóricos”, ele observa.

Desde 2019, as escavações em La Huerta de Otero revelaram que a muralha romana da cidade tinha cerca de 40 metros de comprimento por 2,7 metros de largura, com uma altura máxima documentada de 5 metros.

Fixados à parede na sua face interna, foram documentados também os vestígios de uma estrada que corre paralela à muralha com uma largura de 6 metros. A rota foi parcialmente amortizada no século 4 d.C. para a construção de alguns locais de banhos romanos privados.